Em setembro de 2017 o Museu de Arte Moderna de São Paulo realizou uma exposição na qual um homem nu interagia com crianças. Tal performasse teve grande repercussão social e reintegrou o debate sobre a erotização infantil, a qual é recorrente no Brasil. Nesse contexto, seja devido à condição de vulnerabilidade dos pequenos, seja a forte influência dos meios de comunicação, o infante sofre grandes efeitos com a exposição precoce ao mundo sexual adulto. Diante disso, é indispensável pensar em estratégias para reverter essa realidade. Primeiramente, é notório que a população infantil é facilmente influenciável. De acordo com o psicólogo Piaget, a infância representa uma fase de descoberta e formação cognitiva. Assim, quando uma criança é submetida à situação de adultização, como o sexo, ela tende a repetir o que vivencia – ainda que não tenha maturidade para tal -, o que tem resultado no início precoce da vida sexual. Em virtude disso, o Brasil ocupa hoje o quarto país, na América, com maior número de adolescentes grávidas, segundo dados da OMS (2017). Ademais, além da vulnerabilidade das crianças, os meios de comunicação estão repletos de cenas eróticas. A alta exposição do corpo, tanto na televisão quanto na internet e mídias sociais, instiga os pequenos a darem mais atenção ao sexo e a comportamentos de adultos, do que às interações próprias para a idade. Isso tem levado a coisificação do corpo, colocando-o como uma moeda de troca para a aceitação social e autoafirmação na adolescência. Em decorrência disso, muitos acabem desenvolvendo transtornos psicológicos e até mesmo indo para a prostituição, conforme dados da Unicef (2017), em que o Brasil possui cerca de 250 mil crianças em prostituição. Os efeitos, portanto, da erotização infantil no Brasil são, sobretudo, o início precoce da vida sexual e a coisificação do corpo. Nesse sentido, é importante que os pais fiquem mais atentos às exposições em que as crianças estão sujeitas, evitando a sexualização prematura. Além disso, também é necessário que o Ministério da Comunicação Social restrinja os conteúdos que são apresentados aos infantes nos meios de comunicação. Essa medida pode ser realizada por meio de fiscalização e multa daqueles que não cumprirem com as determinações, com o objetivo permitir que as crianças assistam somente conteúdos apropriados para a idade. Com essas iniciativas, assuntos como o exposto podem deixar de serem corriqueiros no país.