O filme “O Poderoso Chefinho” constrói seu humor pautado na figura de um bebê, que é uma importante figura de negócios de uma empresa dirigida por outros bebês, e todos eles raciocinam como adultos. A quebra de expectativas que garante a comicidade desse roteiro também se apresenta na triste realidade da erotização infantil no Brasil. Os efeitos negativos desse problema se manifestam na dificuldade em reduzir as taxas de gravidez precoce e no uso da criança como ferramenta comercial de conteúdo adulto. O período da infância é marcado por muitas descobertas, é uma fase de grande experimentação e aprendizado que precisa ser corretamente direcionada. Através de conteúdos midiáticos indevidos e do exemplo cotidiano, muitos pais têm falhado nessa orientação, relativizando comportamentos inadequados à infância, que contribuem para a erotização. O Brasil ainda possui uma elevada taxa de gravidez precoce, segundo o Ministério da Saúde nasceram quinhentas mil crianças, em 2015, de mães com idade entre 10 a 19 anos. Dessa forma, é visto que o país apresenta um grande problema que atinge adolescentes e que tem as suas raízes fundadas na exposição precoce da sexualidade às crianças por meio de músicas, novelas, filmes, propagandas, que são veiculadas dentro de suas casas, sem a devida reflexão de seus pais, ensinando-lhes a pensar a respeito do conteúdo. Além disso, um outro impasse recente incluso na questão da erotização infantil no Brasil é a instrumentalização da criança como recurso para propagação de conteúdo adulto. Dois exemplos disso são o Mc Doguinha e o cantor Hiago Danadinho. Essas duas crianças estão inseridas no mercado musical e fizeram sucesso com letras que tratam de assuntos como sexo e uso de drogas, contando com forte apoio dos seus pais e empresários, que não sofreram nenhum tipo de penalização por isso. Destarte, mais do que apenas discutir o problema da erotização, é necessário que as autoridades cabíveis tomem as devidas providências a respeito. Diante dos inconvenientes resultados do dilema da erotização infantil no Brasil, é imprescindível que primariamente os pais busquem avaliar os ideais que estão diariamente passando aos seus filhos, de forma consciente ou não, e mudem os hábitos motivadores de comportamentos inadequados. Outrossim, é urgente que esses casos de uso comercial da criança sejam seriamente punidos - por uma ação conjunta das polícias e o Conselho Tutelar, com multa, prestação de serviço comunitário, e nos casos mais graves a perda da guarda e a prisão dos responsáveis. Agindo assim, esses efeitos negativos serão potencialmente reduzidos e um amadurecimento paulatino e saudável poderá ser garantido.