A análise do futuro de uma sociedade civilizada e socialmente harmonizada passa pela observação das condições e influências culturais, as quais moldam o futuro da cidadania. Assim sendo, é necessário que haja engajamento social e preocupação para com os principais problemas que envolvem a questão do desenvolvimento infantil. Dentre os principais, está a erotização precoce das crianças. De maneira simplista, é possível caracterizar a erotização precoce como um acionamento dos impulsos sexuais de modo desproporcional à idade da pessoa. Em termos gerais, a consequência desse fenômeno passa pela ameaça ao pleno desenvolvimento das estruturas psíquicas do indivíduo. Além disso, cabe salientar que a mídia e o ambiente de convívio são os principais influenciadores da erotização precoce, de acordo com a psicóloga Elen Camargo, especialista em psicoterapia. O resultado dessas influências midiáticas que se relacionam ao convívio desestruturado são estatísticas avassaladoras, como o aumento do índice de gravidez de meninas com menos de quatorze anos de idade, que foi quase dobrado, de acordo com estimativas do IBGE. Além da falta de regulamentação dos pais, é possível inferir que o advento de músicas com diversas frases de efeito de conotação sexual estão aliadas à erotização precoce, o que demonstra a necessidade de uma regulamentação dessas mídias. Assim, é possível analisar que as crianças são protagonistas sociais do desenvolvimento da cidadania, que é comprometida com a erotização infantil. Nesse cenário, é de necessidade social que uma regulamentação midiática mais intensa por parte do organismos de retificação da imprensa seja promovida, de modo a analisar propagandas, programas, músicas e imagens que possam influenciar negativamente o desenvolvimento infantil, caso esse seja o público-alvo. Além disso, os municípios poderiam ampliar seus programas de fiscalização e planejamento familiar, de modo a instruir um convívio saudável entre os componentes da família.