A participação de uma criança em uma encenação artística onde ela contracenava, por meio de toques, com um ator nu, em São Paulo, causou grande polêmica em todo o país. A arte sempre traz uma mensagem e, nesse caso, trouxe à voga o tema da erotização infantil no Brasil. Dessarte, por que a criança é um ser heterônomo, é função do Estado e da sociedade, adulta, definir como isso deve ser encarado. Logo, a melhor maneira é compreender, de forma pragmática, quais são os efeitos sociais dessa questão. De antemão, a palavra erotização tem, claramente, conotação sexual e com criança não se estabelece essa relação. A criança, na sociedade, tem uma associação com pureza, muitas vezes relacionadas com seres angelicais, os quais não possuem sexualidade. Isso se dá, principalmente, pelo seu, transitório, desconhecimento de assuntos eróticos, até a idade idônea. A antecipação desse processo de descoberta é danosa, pois, se a gravidez é um risco para uma criança, como ratifica a ONG Save the Children, na Grã-Bretanha, os assuntos precursores também o devem ser. Ademais, a erotização infantil aumenta a violência contra criança. A Organização Mundial de Saúde, considera a pedofilia como um transtorno da preferência sexual, enquanto o Estado de Direito no Brasil considera como crime. Portanto, por atrelar um perfil de sexualidade à criança, tanto internamente quanto externamente, a erotização estimulará o abuso sexual na concepção de um doente ou até mesmo na prática, de tal forma podendo ser considerada como apologia ao crime. Sendo assim, ao compreender os efeitos sociais funestos, medidas de intervenção são necessárias para proteção das crianças. O poder legislativo, no exercício dos seus atributos, poderia sancionar uma lei criminalizando a erotização infantil e fiscalizar sua aplicação, que caberia ao poder Judiciário. Ainda mais, as escolas devem delimitar, por meio de peças teatrais, o que é adequado para criança e o que não é. Dessa forma a arte terá cumprido o seu papel de trazer à reflexão, mesmo se o produto for o inverso do esperado.