Segundo Isaac Newton, a tendência dos corpos, quando nenhuma força é exercida sobre eles, é permanecer em seu estado natural. Nesse contexto, vê-se que a erotização precoce de crianças na sociedade brasileira, paralela à deficiência de medidas para sanar essa problemática tende a seguir no mesmo percurso. Os direitos infantis são considerados uma recente conquista através do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, sancionada em 1990) e garante aos menores de 18 anos proteção integral. Contudo, o modelo de educação utilizado pelos pais dentro de casa, na maioria das vezes não chega ao instituto, e o incentivo a objetificação vem à tona tardiamente acompanhado de graves consequências, como em casos de abuso sexual. As crianças tem passado cada vez mais tempo em contato com aparelhos eletrônicos de multimídia sem o monitoramento dos responsáveis, e automaticamente eles repetem o que ouvem e o que veem. Muitos adultos apenas contemplam a “beleza” de uma atitude adulta em uma criança e incentiva os atos, sem ter consciência dos futuros problemas que eles enfrentarão ao pular a fase da infância. Para Immanuel Kant, o ser humano é aquilo que a educação faz dele, em contrapartida a isso, quem não aprende a distinguir a sua sexualidade da sexualização de seu corpo pode agir conforme os preceitos de Paulo Freire, citados em seu livro A Pedagogia do Oprimido, em que o oprimido tende a se tornar opressor. Trona-se visível, portanto, conforme supracitado que a objetificação de crianças é iniciada nas próprias casas por seus pais. Dessa forma, faz-se necessário que o ECA por meio de campanhas combativas à erotização infantil, identifique o foco do problema nas famílias e através de diálogos e roda de conversas, mostre as consequências desse ato, à fim de cessar essa cultura.