Aquilo que decorre na puerícia costuma permanecer estampado na personalidade do adulto, ainda que de forma subliminar, como se verifica em “A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo, onde Carolina e Augusto recordam-se de um fato do tempo de crianças e sentem-se atrelados a ele. Nesse sentido, experiências nocivas em decorrência da erotização infantil configuram preocupante cenário, e ocorrem tanto por conta da adoção de hábitos adultos pelas crianças como da exposição destas a conteúdos impróprios. Segundo Durkheim, sociólogo francês, educação é a socialização da geração jovem pela geração adulta. Sob tal ótica, uma criança que convive majoritariamente com adultos tende a reproduzir hábitos deles, como vestuário e emprego de palavras de calão. Desse modo, a criança tende a espelhar tais atitudes, adotando comportamento não condizente com a faixa etária dela, o que caracteriza a adultização. Outrossim, é indubitável que a exibição de conteúdos não recomendados para crianças afeta o caráter delas. Embora haja restrição, em canais abertos, quanto ao horário e classificação indicativa, boa parte das famílias permite que as crianças assistam em horários impróprios. Com isso, a criança depara-se com descobertas que deveriam acontecer mais tarde e, não sabendo lidar com elas, fica mais suscetível a perigos como pedofilia. Destarte, depreende-se que a adultização das crianças pode contribuir com a erotização infantil. Para evitar que isso aconteça, impende ao Ministério da Educação a organização de palestras, para alunos a partir do quinto ano, acerca de educação sexual e os riscos que o uso da internet proporciona. Ademais, cabe às famílias incentivar o convívio da criança com outras da mesma faixa etária, a partir da organização de passeios e outras atividades, com o intuito de que não adotem como modelo um comportamento de adultos.