A infância é um período fundamental para o desenvolvimento de um indivíduo, porque é a fase em que ele desperta seus sentidos, suas capacidades, sua imaginação e também seus processos cognitivos. Entretanto, o que se percebe, hoje em dia, é que esse período está sendo cada vez mais acelerado. As crianças acabam pulando partes importantes dessa fase da vida e dão espaço a uma mentalidade adulta, que começa, muitas vezes, com o uso de roupas nada infantis, sapatos de salto alto, cosméticos e acessórios, além da exposição a condutas sensuais. É notável que o aumento do contato infantil com novos comportamentos sociais e tecnologias, especialmente a TV e a internet, conduzem a uma naturalização do amadurecimento infantil prematuro. Nesse contexto, a exposição dos pequenos a conteúdos inapropriados para sua faixa etária pode criar o que é chamado de erotização infantil. Por isso, os pais devem ficar atentos com o que os filhos estão ouvindo e assistindo frequentemente, uma vez que a questão midiática e das redes sociais é muito forte, por isso, todo o nosso cuidado é sempre pouco. Dessa forma, a erotização infantil acaba atravessando as etapas de desenvolvimento da criança e antecipam seus aprendizados. E, embora sejam crianças, perdem a inocência e a experiência do “descobrir-se” no momento certo, e podem atrair olhares de pessoas com más intenções. Outrossim, chama a atenção o quanto adultos incentivam ações maduras em crianças, como beijos; ações que são vistas como “naturais”. Porém, há uma linha bastante tênue que passa por esse território, que se justifica tratando do assunto como uma simples brincadeira. Inclusive, o mesmo pode se dar em cenários que parecem ainda mais inofensivos, como quando crianças são estimuladas a cantar e dançar utilizando-se de gestos sensuais, a usar maquiagens, salto alto e a se vestirem como “gente grande”. Contudo, é fundamental que tenham clareza dos limites que existem entre o brincar e a realidade, o que pode ser compartilhado e o que invade os limites do outro. Esse norte será dado sempre pelos adultos, por isso sua participação decisiva nessa condução. Assim, a criança precisa de um tempo para brincar, criar e usar a imaginação e, quando ela se sente pressionada a agir e a se comportar como “gente grande”, os adultos estão, de alguma forma, acabando com essa infância mais cedo. Isso posto, é notável que a erotização infantil é uma realidade, a qual incita o contato infantil com questões adultas precocemente. Nessa perspectiva, os pais devem estabelecer horários para o uso da internet e TV pelas crianças, além de bloquear canais e sites de conteúdo impróprio, a fim de evitar a exposição de crianças a questões adultas. Ademais, cabe ao Governo Federal ampliar a atuação de órgãos que defendem os direitos das crianças, como o Conselho Tutelar, por meio do investimento em maior fiscalização e punição ao erotismo infantil, o que permite vislumbrar a redução desses episódios lastimáveis.