Título da redação:

Francis Bacon já dizia

Tema de redação: Os efeitos da erotização infantil no Brasil

Redação enviada em 20/05/2018

De acordo com o sociólogo francês Pierre Bourdieu, o desenvolvimento humano em sociedade se dá por intermédio do “habitus primário e secundário”. Nesse sentido, o primeiro caracteriza-se pela interação em ambiente familiar, e o segundo, por sua vez, em âmbito escolar. Não se vê, entretanto, na sociedade hodierna, a plenitude do “habitus primário”, posta a ascensão do processo de erotização infantil no Brasil. Desse modo, os entraves para a educação das crianças denotam pais desestruturados e, consequentemente, a proliferação de “pequenos adultos”. Cabe pontuar, em um primeiro plano, a desorientação dos pais, no quer tange à educação dos filhos. Segundo Nejm, diretor do projeto Criança e Consumo, os infantes devem ter esclarecimento acerca da sexualidade, a fim de evitar que eles se tornem alvo de más intenções. Nesse contexto, a postura conservadora adotada por uma parcela significativa de pais negligencia o completo aparato informacional dedicado às crianças. Há, também, a quebra da lógica do empirista Francis Bacon, de que conhecimento é poder, uma vez que a falta de orientação adequada aos pequenos leva-os a buscarem informações, as quais, muitas vezes, podem vir deturpadas. Com isso, é perceptível os riscos a que as crianças estão expostas. Vale ressaltar, ainda, as implicações advindas da exposição infantil a ambientes inapropriados. Nesse viés, a Antropologia mostra que o contato entre culturas leva a um processo de aculturação, em que parte dos hábitos externos são incorporados à cultura interna. Analogamente, vê-se que a exposição das crianças a ambientes inadequados, tais como “shows” e sites com restrição de idade, contribui para a incorporação de comportamentos incoerentes com a atual fase em que se encontram. Dessa forma, torna-se evidente a repercussão da erotização pueril no tecido social. Infere-se, portanto, a necessidade de medidas que atenuem o imbróglio da erotização infantil no país. Nessa perspectiva, é essencial a atuação das instituições escolares na promoção de projetos de cunho orientacional aos pais, de modo que, por meio de palestras com psicólogos, os pais sejam instruídos acerca da imprescindibilidade da orientação sexual aos filhos para a integridade do “habitus primário”. Outrossim, é mister que o Ministério da Educação acrescente à grade curricular brasileira uma disciplina pertinente à sexualidade, com o fito de ofertar, aos pré-adolescentes, informações acerca da sexualidade humana que não venham acompanhadas de más interpretações. Só assim, com a aplicação de mecanismos exitosos, corroborar-se-á com o pensamento do filósofo Bacon de que conhecimento é poder.