Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: Os dilemas encarados pelas pessoas autistas na sociedade brasileira

Redação enviada em 15/08/2018

No filme Temple Grandin o público tem a oportunidade de assistir ao retrato da vida real de Mary Temple, portadora de autismo, que se tornou psicóloga e doutora em zootecnia. O enredo evidencia as habilidades de uma autista que, a partir de uma educação adequada, superou os seus desafios diários. Esse exemplo demonstra que o espectro de autismo não é uma sentença de incapacidade, ideia comumente disseminada pela sociedade, mas sim um estado neurológico que leva o seu portador a desenvolver competências peculiares. Diante disso, é preciso que sejam oferecidas escolas inclusivas, a fim de proporcionar o desenvolvimento pleno e os direitos dessas pessoas especiais, e ainda, que a família atue além da proteção, concedendo autonomia para que possam buscar um nível de independência e envolvimento social. É certo afirmar que a escola, como elemento de coesão social, deve abarcar toda a diversidade e promover a inserção, respeitando as peculiaridades de cada indivíduo. Para isso, é primordial que o poder público eleve suas atenções à educação básica, capacitando educadores e técnicos para recepcionar, dentre outros, os autistas. Porém, esse é o ideal que se afasta da realidade, ou seja, o que se vê é o despreparo estrutural e metodológico de instituições de ensino ao receberem estudantes especiais, pois devido à falta de capacitação de profissionais e contratação de equipes técnicas, instituem uma segregação por não conseguirem promover a socialização com o restante da turma. Foi por esse tipo de tratamento que os pais de uma aluna autista, de um colégio localizado em Brasília, tiveram que recorrer à justiça para garantir os direitos da filha, pois ela sofria com o preconceito e a discriminação, promovidos pela escola, demais alunos e outros pais. Estudos realizados pela Organização das Nações Unidas no Brasil mostram que a maioria dos portadores do espectro desenvolvem alguma competência, seja visual, artística ou acadêmica, porém necessitam de estímulos e, principalmente, que a família se conscientize da necessidade de sociabilização como parte do processo. Sabe-se que a proteção extrema de familiares, muitas vezes, impede o convívio dos autistas com outras pessoas, isso por receio de que possam sofrer discriminações, logo, esse é um dos fatores que os tornam parcial ou totalmente dependentes de um cuidador. Por outro lado, é compreensível que pais ajam dessa forma, movidos pelo instinto de cuidado, visto que até mesmo na ciência há conflitos nas definições sobre esse transtorno; como exemplo, pode ser citado um estudo realizado no final do século XX em que um cientista associou o autismo a efeitos colaterais advindos da vacina contra o sarampo, tal definição foi rechaçada pelo meio científico. Com isso, o preconceito e as barreiras sociais tendem a crescer, tornando a insegurança dos pais cada vez mais latente. Entende-se, portanto, que a escola e a família, como principais interventores sociais, estão no eixo central para a solução dos conflitos vivenciados pelos portadores de autismo. Destarte, faz-se necessário que os mantenedores das escolas – Ministério da Educação e secretarias estaduais de educação – introduzam o dilema nos programas, já existentes, de formação continuada dos educadores, para que estes sejam capazes de discutir e intervir sobre o assunto no contexto de suas propostas pedagógicas; de igual modo, os profissionais técnicos, como psicólogos, devem interagir com familiares na discussão sobre as questões comportamentais da criança. Além disso, a família também deve ser assistida por órgãos assistenciais do governo em parceria com organizações não governamentais, com o objetivo de ser informada sobre os direitos de seus filhos e ser fortalecida na missão de levá-los ao convívio social. Com essas medidas, espera-se que, assim como Mary, outros autistas tenham a oportunidade de serem reconhecidos através de suas aptidões.