Durante a Segunda Guerra Mundial, o psiquiatra Léo Kanner designou o termo autismo para definir indivíduos com inabilidade interativa, dificuldades em comunicar-se e padrão de comportamento restrito e repetitivo. Em decorrência disso, houve vários avanços no diagnóstico de indivíduos com essa síndrome. Entretanto, em pleno século XXI, a intolerância e a exclusão social são recorrentes na sociedade brasileira. Desse modo, há desafios que necessitam ser vencidos no que concerne às pessoas com autismo, seja pela ausência da efetivação da lei, seja pelo preconceito enraizado. O professor Boaventura de Souza Santos defende na obra"Para uma revolução democrática da justiça", que sem direitos de cidadania efetivos é impossível a construção da democracia. Nessa lógica, é dubitável inferir que esse conceito encontra-se deturpado no Brasil devido à ausência da inclusão de indivíduos autistas nas escolas de ensino regular, que apesar de ser um direito garantido por lei, não há efetividade. Além disso, a falta de professores qualificados para atender as necessidades da pessoa com o Transtorno do Espectro Autista- TEA, juntamente com os demais alunos é um dos empecilhos para a inclusão nas instituições de ensino. Outrossim, o preconceito intrínseco da sociedade é um dos dilemas enfrentados pelos autistas. Segundo Durkheim, o fato social é a maneira coletiva de agir e pensar, logo verifica-se que o indivíduo que convive em um lar em que os pais não ensinam os valores éticos e morais a respeito das diferenças contribui para o sentimento de intolerância e a criação de estereótipos. Destarte, para combater os dilemas enfrentados pelas pessoas autistas, é necessária a intervenção estatal e civil. Cabe ao Ministério da Educação juntamente com a Secretaria de Direitos Humanos promover cursos preparatórios para os professores por meio de eventos gratuitos em universidades com o fito de proporcionar aos autistas um ensino adequado e inclusivo nas instituições de ensino regular. Não obstante, é fundamental que a mídia e parceira com ONGs elaborem projetos educativos com a presença de psiquiatras, psicopedagogos e psicólogos para desmistificar o preconceito da sociedade e relação aos autistas.