Ainda que o objetivo de promover o bem de todos, sem quaisquer preconceitos seja afirmado na Constituição da República em seu artigo terceiro, a sua aplicabilidade prática ainda possui um caráter bastante excludente.Dessa forma, os dilemas encarados pelos autistas são uma realidade no Brasil hodierno.Isso se deve: não só a forma ignorante como as pessoas vislumbram esse problema,mas também a falta de visibilidade governamental sobre o assunto. Nesse sentido, é irrefutável que ocorra uma remodelação nos projetos escolares e governamentais. Com efeito, dois bons exemplos dessa temática são as séries "Atypical" e "The Good Doctor", as quais retratam a realidade de personagens autistas e como as situações de seu dia-a-dia são percebidas e encaradas de forma ímpar por eles.No que concerne a esse contexto, embora muitas pessoas analisem o autista de acordo com o senso-comum, que mostra esse como uma pessoa estranha com severas dificuldades de relacionamento, é inquestionável, conforme a retratação nas séries, que o autista deve ser visto, apenas, como um indivíduo que possui uma forma diferente de ver o mundo.Tal cenário, pode ser comparado a pintura "Abaporu" de Tarsila do Amaral, uma vez que essa obra retrata um homem com grandes membros e pequena cabeça, representando um indivíduo oligofrênico e alienado, de modo a denunciar uma sociedade ignorante que julga indivíduos por um problema de acordo com uma visão simplista e errada. Outrossim, a falta de ações afirmativas sobre o autista é uma das principais adversidades encaradas por esses.De fato, por meio de seu pensamento de que seria mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito, o físico alemão Albert Einstein ratifica a realidade. No que tange essa problemática, tal implicatura viabiliza a falta de atendimento psicopedagógico especializado nas escolas e traz como consequência principal a falta de oportunidades, como a de conseguir empregos, por exemplo.Em síntese, é preciso buscar na teoria de "anomia social", proposta por Durkheim, a égide para compreensão desse excerto, visto que é bastante contraditório o fato de um país em desenvolvimento investir tão pouco em indivíduos com um déficit que pede tanta atenção. Urge, portanto, ações sinérgicas entre escola juntamente com o governo, a fim de estabelecerem caminhos para resolução da problemática.Para tanto, a Escola, por meio da integração de famílias, professores e alunos, deve promover aulas, palestras e encontros temáticos, com o intuito de aguçar o senso-crítico de toda comunidade escolar e abolir o senso-comum sobre o autista.Ademais, o Governo Federal, por intermédio do Ministério da Educação, deve promover na rede pública e instigar a rede particular de ensino a realização de cursos de aprimoramento para os profissionais da área estudantil, com o escopo de esses especializarem-se para saberem lidar com as dificuldades dos autistas e prepararem eles para a realidade pós-escolar.Por fim, mediante a realização dessas ações, resta saber se tal objetivo constitucional vai ser confirmado na prática.