De acordo com a mitologia Inca, o ser humano e as estrelas forma criados pelo Deus Viracocha e, assim como os astros celestes movem-se em harmonia pelo céu, uma sociedade só pode progredir se todos viverem em equilíbrio. Contudo, quando se observa os dilemas enfrentados pelos autistas no Brasil, percebe-se que a sabedoria da civilização ameríndia não é aplicada no país, haja vista que esses indivíduos enfrentam, em pleno século XXI, a negligência governamental e a discriminação da sociedade. Por isso, convém analisar a atual conjuntura com propósito de solucionar esses impasses. Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que a Constituição Federal de 1988 estipula a dignidade humana, a igualdade e a educação como garantias fundamentais do cidadão. Destarte, cabe ao Poder Público assegurar a inviolabilidade dessas normas. Todavia, lamentavelmente, isso parece não estar acontecendo no Brasil atualmente, uma vez que, de acordo com a ONG Inclusive, ainda há falta de cursos de qualificação destinados aos autistas, como também carência de atendimento educacional especializado para esses indivíduos. Logo, fica evidente a falha do Poder Público em assegurar direitos constitucionais a esses indivíduos. Ademais, vale lembrar que outro grande desafio enfrentado por esse grupo é o preconceito. Isso porque não são raros os casos de discriminação contra aqueles que apresentam deficiências físicas e mentais. Em vista disso, é essencial que a escola trabalhe o tema dentro e fora de sala, educando alunos e responsáveis sobre o autismo, com objetivo de combater a discriminação contra a parcela da população afetada por essa síndrome. Afinal, conforme Paulo Freire, ao falar em uma “cultura de paz”, é papel da educação expor injustiças, estimular a convivência com o diferente, a colaboração e a tolerância. Fica claro, portanto, a necessidade da tomada de medidas para a mudança dessa conjuntura. Desse modo, a escola deve chamar pais e alunos ao debate e, mediante palestras e reuniões em grupo, educar a população sobre os aspectos relacionados ao autismo e como melhor auxiliar os brasileiros afetados pela síndrome, com o fito de combater a discriminação e o preconceito contra esses indivíduos. Em consonância, o Ministério da educação precisa alocar recursos, por meio de parcerias com o setor privado, implementando cursos de qualificação específicos para autistas, no intuito de promover a inclusão social desse grupo. Assim, o Brasil poderá ir ao encontro do que preconizava a mitologia Inca, caminhando em direção a uma sociedade mias humanizada e equilibrada.