Título da redação:

Penhascos sociais

Tema de redação: Os dilemas encarados pelas pessoas autistas na sociedade brasileira

Redação enviada em 03/06/2018

No Império Romano, crianças deficientes eram sentenciadas à morte, sendo jogadas de mortíferos penhascos, uma vez que não eram consideradas aptas para a conjuntura socioeconômica da época. Em contrapartida, no cenário contemporâneo, o indivíduo com autismo começa a ser tratado de forma humana pela sociedade. Apesar disso, as dificuldades no mercado de trabalho e os obstáculos de inclusão escolar são problemáticas que permeiam na esfera social brasileira, ferindo o bem-estar geral e devendo, portanto, ser combatidas veementemente. No Brasil, apenas em 2012, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) foi considerado, pela Constituição, uma deficiência. Com efeito, esses indivíduos garantiram uma série de direitos do Estado para o auxílio na inclusão social e a participação no sistema de cotas trabalhistas. Apesar da implementação dessas medidas, é nítido que não ocorre uma inserção no mercado de trabalho como deveria de fato. Prova disso são os dados pesquisados mundialmente pela ONU, em que 80% das pessoas com autismo não possuem emprego fixo, mesmo com a capacidade requerida e, muitas vezes, dispõem habilidade de sobra, assim como Bill Gates, Albert Einstein e Isaac Newton. Essa defasagem no sistema transfere-se para o cenário tupiniquim e configura uma grave restrição dos direitos do trabalhador. Consoante a esse ponto, outro processo essencial para a socialização primária, de acordo com a filosofia de Durkheim, é a escola. Nesse contexto, observa-se que o estudante com autismo sofre severas dificuldades nessa inclusão, visto que, geralmente, não possui habilidades de comunicação eficientes. Exemplo disso foi o caso ocorrido em 2015, no sul do país, em que um aluno autista foi agredido dentro da sala de aula por um colega mais velho. Casos como esse são frequentes no cenário escolar e desestabilizam o processo descrito por Durkheim, o que geram profundas sequelas no adolescente com TEA. É incontrovertível, portanto, que o indivíduo deficiente sofre nas mãos de uma sociedade preconceituosa e individualista. É de extrema urgência que medidas sejam tomadas para reverter esses processos. Cabe ao Ministério da Educação, em conjunto com as escolas e as instituições privadas, promover diálogos abertos e curadores, expondo a necessidade da inclusão do autista no âmbito escolar e profissional, por meio de palestras, simpósios e debates. Dessa forma, o desfalque social ocorrido não permeará como as atitudes vetustas romanas permearam.