Segundo o antropólogo brasileiro Darcy Ribeiro, o Brasil tem uma "perversidade intrínseca na sociedade", herança de seu modelo colonial. Esse pressuposto pode ser comprovado ainda hoje, no século XXI, através de atitudes discriminatórias e preconceituosas contra grupos minoritários, como as pessoas atingidas pelo transtorno do espectro autista. Mesmo atingindo cerca de 1% da população do país, esse grupo ainda sofre com segregação social, especialmente no que tange à educação e sua posterior inserção no mercado de trabalho. Em primeira análise, vale ressaltar que o direito à educação é inerente a todos e é garantido na Constituição Cidadã de 1988. Entretanto, a notória precariedade do sistema de ensino público brasileiro impede a inserção de pessoas com autismo no processo educacional. Deve-se levar em conta a evidente falta de estrutura e de profissionais em educação inclusiva, assim como a dificuldade de socialização dos autistas, que frequentemente são alvos de chacotas por outros alunos de sua instituição de ensino. Em segunda análise, a falha na formação educacional dos autistas gera problemas a longo prazo, como a difícil inserção no mercado de trabalho. Este, é altamente competitivo e exige de seus protagonistas uma boa e contínua aprendizagem, tarefa árdua para os portadores da doença nos atuais moldes educacionais. Para ir mais além, quando eles conseguem superar essas barreiras, não raro se deparam em seu ambiente de trabalho com casos de preconceito e menosprezo de seus colegas. Diante dos fatos supracitados, é possível inferir que a realidade autista é penosa em diversos aspectos. Faz-se, portanto, necessário a atuação do governo brasileiro por intermédio de políticas públicas visando a modernização de seu sistema educacional, com vistas a inclusão. Ademais, uma conscientização da sociedade civil para a promoção do respeito e igualdade no ambiente de trabalho é de suma importância, pois sem esta, os autistas continuaram a ser vítimas da sociedade perversa do país, como analisado por Darcy Ribeiro