Título da redação:

Diferente, mas não desigual

Tema de redação: Os dilemas encarados pelas pessoas autistas na sociedade brasileira

Redação enviada em 24/08/2018

No dia 2 de abril, comemora-se o Dia Mundial do Autismo, data estipulada pela ONU, pois remete ao dia em que foi descoberta essa síndrome. Nesse sentido, no Brasil, observa-se que, embora existam cerca de 2 milhões de pessoas autistas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), esses indivíduos enfrentam dilemas diários, os quais podem ser exemplificados no preconceito praticado pela população e na falta de uma educação pública especializada, os quais precisam ser enfrentados. Em primeiro plano, a discriminação social é um obstáculo para a inserção do autista na sociedade. A esse respeito, a Associação Brasileira de Autismo (Abra), afirma que os portadores podem exercer praticamente todas as atividades cotidianas e até habilidades particulares acima da média, tais como o cientista Albert Einstein e o jogador de futebol Leonel Messi. No entanto, devido ao desconhecimento geral acerca das características desse transtorno, tornou-se comum associar essas pessoas a termos inapropriados, como ‘’inferior’’ e incapaz. Com efeito, conforme defendido pelo filósofo escritor Mario Sergio Cortella, é preciso reconhecer o autista como diferente, mas não como desigual e, assim, inseri-lo socialmente conforme suas particularidades. De outra parte, há a contribuição da educação brasileira nessa questão. O seriado chamado ‘’Atypical’’, criado pela Netflix, tem como personagem principal um garoto autista chamado Sam, cuja inserção escolar é impedida pela dificuldade dos professores em lidar com a personalidade do estudante. Sob esse viés, é notório o papel que a instituição de ensino tem em facilitar esse processo, contudo, tendo como base a Carta Magna brasileira, não há no país a obrigatoriedade, nas escolas tradicionais, da capacitação dos discentes em trabalhar com esses alunos. Desse modo, dificulta-se o processo educacional, visto que os locais aptos à matrícula são restritos. Nessa perspectiva, portanto, mostra-se necessário exaurir os dilemas encarados pelos autistas no Brasil. Para tanto, cabe à Abra, mediante seu tempo de concessão gratuito na mídia, veicular campanhas que atentem para as características do espectro autista, as quais precisam ser compreendidas pela população para a correta inserção desses indivíduos na sociedade, com a finalidade de diminuir os casos de exclusão motivados pela falta de conhecimento do corpo social. Ademais, às instituições de ensino, em parceria com o Ministério da Educação (MEC), por meio dos recursos destinados a esse setor, compete estipular, como obrigatório na grade curricular, como exigência para os professores, especializações nessa área de ensino, cuja oferta será dada pelas universidades públicas do país. Assim, casos como o de Sam estarão presentes apenas na ficção e o autista não será excluso, de modo como propôs Cortella.