É de conhecimento geral que as Grandes Navegações- marco essencial para o início da Idade Moderna- foram impulsionadas pela necessidade crescente, na Europa, de especiarias que aumentassem a durabilidade e a qualidade dos alimentos. Nesse viés, hodiernamente, o Brasil enfrenta diversos problemas relacionados à alimentação, em razão não apenas da distribuição desigual de comida, mas também do uso indiscriminado de agrotóxicos aplicados nela. No que se refere ao acesso à produtos alimentícios, é evidente que grande parte da população brasileira encontra dificuldade em obter comida o suficiente para sua subsistência, sobretudo nas áreas periféricas e nas regiões prejudicadas pela escassez de precipitação, o que pode ser ilustrado na obra "Vidas Secas", em que o romancista, Graciliano Ramos, narra a história de uma família sertaneja de retirantes que enfrenta a miséria e a fome. Fora da ficção, não obstante, o país enfrenta uma realidade de injustiça, em que muitas pessoas não possuem condições de sustentar uma alimentação equilibrada- essencial para a manutenção das atividades diárias-, revelando que a segurança alimentar- direito social garantido pelo artigo 6 da Constituição Federal de 1988- não atinge todos os cidadão brasileiros. Outrossim, nota-se que a qualidade nutricional dos alimentícios no país é prejudicada em decorrência da aplicação acentuada de pesticidas. Nesse contexto, apesar da produção agrícola tornar-se mais efetiva, o uso desses produtos tóxicos, além de contaminar o solo, os reservatórios hídricos e desregular a cadeia alimentar de diversas espécies da fauna do país, prejudica a saúde de muitos brasileiros, podendo ocasionar distúrbios gastrointestinais, alergias e câncer, em alguns casos mais complexos. Assim, observa-se que, mesmo que a obtenção de alimentos torne-se mais democrática, a qualidade de vida da sociedade estaria em risco, uma vez o aumento de oferta de comida é equivale à aplicação de agrotóxicos nas plantações. Nesse sentido, urge que o Poder Executivo, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, por meio de recursos enviados pelo Estado, realize uma fiscalização mais intensa na utilização de produtos químicos nas produções agrícolas, por intermédio do mapeamento das áreas de maior atividade, a fim que a qualidade dos alimentos, paralelamente à saúde nutricional dos cidadãos, seja garantida com veemência. Ademais, é essencial que ONG's ambientalistas divulguem, nas mídias sociais, a importância da valorização dos pequenos produtores, tanto para o Meio Ambiente, quanto para a segurança alimentar dos indivíduos, com o fito de que os alimentos orgânicos sejam mais consumidos e acessíveis e para que, dessa forma, o impasse da alimentação no Brasil possa ser amenizado.