Título da redação:

Pátria deseducadora

Tema de redação: Os desafios dos professores brasileiros na contemporaneidade

Redação enviada em 30/04/2018

Ambiente de trabalho hostil. Agressões físicas e verbais. Baixa remuneração. Desvalorização perante a sociedade. Todos esses aspectos fazem parte da realidade de muitos professores. Com isso, fica evidenciada a problemática da crescente dificuldade que é ser docente no país, lógica que permanece intrinsecamente ligada a realidade do país, seja por uma cultura de pouca importância que é dada a essa classe, seja por mudanças e modernizações as quais o ambiente escolar se recusa a fazer. É preciso considerar, antes de tudo, que o atual panorama é diretamente proporcional a desvalorização enfrentada por esse grupo de profissionais. Na Antiguidade Grega se originaram os primeiros professores, os Sofistas, grupo de elevado valor e prestígio social, remunerado de forma equivalente a sua importância na formação de futuras gerações e intelectuais. Entretanto, tal valorização não é encontrada em terras brasileiras. Economicamente o país se alinhou a interesses de exportação primária, mineral ou agrícola, e serviu ao longo dos anos como mero fornecedor de mão de obra pouco qualificada. As ilhas de formação tecnológica e educacional sempre foram escassas, dessa conjuntura histórico-social se traduziu em uma cultura de desvalorização da educação. Dessa forma, essa realidade tem como consequência salários baixos, falta de incentivo, pouca ou quase nenhuma valorização social, em suma, um cotidiano de extremas dificuldades no exercício da profissão. Outrossim, destaca-se o anacronismo das instituições educacionais como grande impulsionador de um ambiente de trabalho pouco favorável e amigável aos professores. Historicamente a atual estrutura das escolas foi criada a partir das Revoluções Industriais, posteriormente ao século XVII. Modelada a partir da estrutura social e produtiva vigente, visando atender aos interesses da época. Séculos depois, e com uma sociedade totalmente diferente, marcada sobretudo pela dinamicidade, flexibilidade, com enorme valorização das relações interpessoais e de outras inteligências, o modelo estrutural das escolas não sofreu nenhuma modificação profunda o que resulta em menor interesse e engajamento dos alunos, o que corresponde a um fator que agrava ainda mais a dificuldade do cotidiano dos professores. Fica evidente, portanto, que o atual contexto é resultado de uma soma de fatores externos e internos as escolas. O quadro só poderá começar a ser alterado a partir de uma atuação do governo no sentindo de valorizar mais a classe por meio de uma remuneração justa e digna, além de um ambiente de trabalho livre de superlotação. Em segundo lugar, é de vital importância que o MEC promova uma mudança na grade curricular, de forma a aproximar as matérias do cotidiano dos estudantes, inserido conteúdos como finanças pessoais e até mesmo psicologia. Dessa forma, em longo prazo e de forma definitiva, com professores mais engajados e motivados, além de alunos mais interessados, a realidade da educação e da profissão do professor venha a melhorar e o Brasil possa finalmente fazer jus ao título de Pátria educadora.