"O tempo é mutável, a sociedade é mutável, até mesmo a cultura é mutável. No entanto, não se pode generalizar um povo tendo apenas como referência o tempo histórico, visto que isso leva ao Anacronismo." Esse pensamento do historiador Boris Fausto retrata o problema da situação indígena no Brasil contemporâneo, uma vez que, em pleno século XXI, os índios ainda são tratados como selvagens, isentos de direitos políticos e moradias dignas. As dificuldades que os índios enfrentam são comuns a outros grupos também excluídos da sociedade, à exceção de conflitos por terra. Essa representa a principal luta indígena na atualidade, já que os territórios de herança indígena são alvos constantes dos grandes empresários e latifundiários, ambos motivados pelos lucros do agronegócio. Tal posicionamento hostil vai de encontro à Constituição Federal de 1988, segundo a qual afirma que é dever do Estado garantir a integridade territorial e cultural dos indígenas. Entretanto, o que se vê nos noticiários é totalmente o contrário: o governo simplesmente ignora as reinvidicações dessa minoria e muitas vezes favorece o lado errado do conflito, isto é, os latifundiários. Apesar de já terem sido maioria no país, os índios hoje constituem uma parcela praticamente insignificante da população brasileira, chegando a porcentagem de apenas 0,5%, segundo o censo do ano 2000 do IBGE. Contudo, esse mesmo órgão, em parceria com a FUNAI, já levantou outros dados em anos recentes e chegou à conclusão de que a população indígena está em "recuperação demográfica", o que possibilita uma maior participação futura da comunidade aborígene, seja na esfera social ou econômica. Com o intuito de mudar a realidade social indígena, algumas medidas são necessárias: primeiramente, é imprescindível que haja a devida valorização à comunidade indígena, pois esta tem suas peculiaridades, como língua nativa e costumes. Pode-se fazer isso por meio de palestras e aulas educativas nas instituições de ensino, bem como promover o contato saudável entre os alunos e índios. É fundamental que o Estado conceda educação e saúde de qualidade aos índios, a fim de garantir-lhes a plena cidadania através de políticas afirmativas que contribuam para o desenvolvimento e o bem-estar do indígena. Dessa forma, estaremos construindo um Brasil multicultural e igualitário.