No século XIX, o sociólogo Émile Durkheim disseminou um pensamento segundo o qual a sociedade funciona como um organismo vivo, ou seja, todos os seus componentes deveriam conviver harmonicamente para que fosse possível atingir o bem -estar geral. No entando, sob a ótica do pensador francês, o Brasil avança lentamente no sentido da homeostase social, vide os inúmeros desafios concernentes à garantia dos direitos fundamentais dos indígenas. Nesse panorama, torna-se imprescindível analisar tanto aspectos políticos, quando socioculturais acerca desse assunto. Em uma primeira análise, a inaplicabilidade das leis intensifica a violação dos direitos dos nativos. Essa conjuntura política alicerça-se em um sistema judiciário que prioriza interesses dos grandes detentores do capital, os quais, nessa perspectiva são os latifundiários - que sustentam a maior parcela do PIB nacional - e secundarizam as pautas de grupos minoritários, sobretudo os indígenas, Essa realidade possui estreita relação com o pensamento exposto pelo sociólogo Loic Wacquante, o qual reflete sobre a função do sistema jurídico e legislativo, que garantem, na prática, a segurança doas disparidades, e não o princípio de "isonomia" de Jean Jacques Rousseau. Como consequência de um Estado antijurídico, os índios são descontruídos em sua dignidade. Ademais, cabe pontuar que a compactuação do corpo social promove a invisibilidade dos indígenas no âmbito social. Esse paradigma comportamental constrói-se como subproduto quer seja da descrença na reversão desse quadro problemático, da concordância ou da falta de empatia em relação aos nativos. Nesse sentido, faz-se valer a reflexão de Michael Foucault : mecanismos midiáticos, bem como os de poder, atuam no indivíduo para que ele naturalize e reproduza comportamentos opressivos. Dessa forma, ao materializar a problemática, a população corrobora com a opressão sistemática dos índios. A fim de construir, portanto, uma sociedade pautada na igualdade e respeito mútuo entre seus cidadãos, cabe ao Poder Executivo Federal, em paralelo com a FUNAI, promover políticas de reestruturação no sistema de fiscalização e atendimento referentes aos índios, por meio da aquisição de drones equipados com câmeras destinadas ao monitoramento de reservas indígenas e da contratação e capacitação de agentes públicos responsáveis por avaliar a qualidade de vida dos nativos. Assim, com uma convivência mais harmônica entres os indígenas e o corpo social como um todo, será mais fácil atingir o bem-estar geral.