Iracema, Peri, Ubirajara e Juca Pirama, são personagens da primeira geração romântica brasileira que evidenciaram a importância do índio como símbolo nacional. Entretanto, o avanço do agronegócio e a falta de valorização por parte da sociedade colaboram para desconstrução de um povo com uma cultura rica e que, infelizmente, ainda são tratados de forma desigual e violenta. É importante pontuar de início que a Carta Magna de 1988 assegurou ao índio o direito à terra e a preservação da sua cultura. No entanto, os constantes ataques da bancada ruralista do legislativo-impulsionada pelo agronegócio-contribuem para dificultar a execução desse artigo proposto pela Constituição. No contexto atual, é possível observar a desapropriação de terras indígenas pelos latifundiários, que tomados pela ganância, usam da violência para invadir essas propriedades. Isso confirma a publicação feita pelo Conselho Indianista Missionário, no qual revelou que em 2015 houve 137 assassinatos de autóctones em todo o país. Dessa forma, a morosidade do governo na demarcação dessas áreas aumenta ainda mais esses conflitos. Além disso, é válido ressaltar que esses crescentes embates, em alguns casos, obrigam os indígenas a migrarem para cidade. Todavia, estes ainda sofrem com uma sociedade, que por falta de conhecimento, acabam tratando-os como “estrangeiros nativos” e não valorizam sua cultura da devida forma. Por conseguinte, muitas vezes, essas pessoas ficam suscetíveis a cumprir normas impostas pelo corpo social, como o modo de ser vestir. Isso ratifica o pensamento de Émile Durkheim, o qual retratou que a coersão social está presente na maioria das comunidades. Porém, convém salientar que na aldeia ou na cidade, índio tem direito de ser índio. Portanto, a fim de tratá-los de maneira isonômica, é imprescindível que o Ministério Público impeça o avanço agressivo da bancada ruralista sobre esses territórios e aplique multas caso ocorra infringimento, com o fito de cessar a crescente violência nessas áreas. Outrossim, a Funai, em conjunto com os líderes indígenas, deve pressionar o Executivo através de manifestações com o desígnio de agilizar a homologação das propriedades. Ademais, a mídia, com seu poder retórico, deve realizar debates em programas de entretenimento evidenciando o valor desse povo na sociedade brasileira, com o objetivo de mostrar para a população a importância de respeitá-los. Desse modo, com essas mudanças a figura do índio poderá voltar a ser um símbolo nacional.