Segundo historiadores, quando os portugueses chagaram no Brasil, em 1500, entraram em contato com um povo que, diante uma postura etnocêntrica europeia, precisava ser civilizado: os índios. Além de instituir missões Jesuíticas, a fim de evangelizar e incentivar os indígenas a assimilar os costumes europeus, os colonizadores expulsaram esses povos de suas terras e causaram a morte de muitos. Todavia, no contexto atual, os brasileiros aparentam ter herdado o mesmo olhar que os lusitanos do século XV, visto que muitos subjugam a cultura indígena como inferior, segundos estigmas advindos do Brasil-colônia, classificando-os com o paradigma de povos selvagens e preguiçosos, mas também recusando, especialmente as elites agrárias, o asseguramento de seus direitos a terra, que garantem a moradia e a subsistência indígena. É incontestável que os aspectos governamentais estejam entre as principais causas da exclusão indígena no país. De acordo com o artigo 3 da Constituição brasileira, explana o dever estatal de construir uma sociedade livre, justa e solidária, garantindo o desenvolvimento nacional. No entanto, segundo os últimos dados relacionados aos desafios do índio no Brasil contemporâneo, a ação legal encontra-se distante da efetivação, haja vista que muitas comunidades indígenas estão perdendo suas terras para fazendeiros que visão expandir sua atividade comercial- agricultura e pecuária. Para exemplificação, tal descaso é perceptível no revés enfrentado há alguns anos pelo povo Guarani-Kiowá, que foram retirados, por ruralistas, de suas terras, tendo que viver em beiras de estradas e, ainda realizar trabalho escravo nos grandes latifúndios como tentativa de sobrevivência. Em segundo lugar, evidencia-se que a coletividade brasileira é estruturada por um modelo excludente imposto pelos grupos dominantes, no qual o indivíduo que não atende aos requisitos estabelecidos, branco e abastado, sofre uma periferização social. Assim, ao analisar a sociedade brasileira, nota-se que o índio não é valorizado de forma plena, sofrendo com preconceitos e sendo inferiorizado por suas diferenças culturais. Prova de tal exclusão é o fato de classificar-se, popularmente, a língua portuguesa como oficial e a dos indígenas apenas dialetos, mas também o fato da cultura indígena ser julgada, pejorativamente, como folclore- designando-a como uma cultura fantasiosa. O combate a persistência da visão etnocêntrica citada inicialmente, a fim de conter os avanços dos desafios enfrentados pelos índios no país, deve tornar-se efetivo, posto que a falta de demarcação de terras indígenas e os preconceitos a esses povos, garantem a resistência do impasse. É imperativo ao Governo, sendo representado pelo Poder Executivo, aumentar a fiscalização nas áreas de fronteiras de terras indígenas, a fim de que se reduza as invasões ruralistas.Por fim, é necessário que o Ministério da Educação (MEC) promova, nas escolas, periodicamente, palestras direcionadas a população, de modo a conscientizar os indivíduos sobre a importância da cultura indígena e a relatividade dentro das diversidades culturais existentes, pois como mencionado pelo poeta Oswald de Andrade em seu poema Erro de Português, quando o português chega debaixo de chuva, veste o índio, caso fosse uma manhã de sol, o índio tinha despido o português. Assim, paulatinamente, os esteriótipos de selvagens e preguiçosos ficarão no passado e a inclusão dos índios será garantida. Dessa forma, podará dizer-se que, no Brasil, forma-se uma sociedade mais fiel aos princípios da Constituição.