Título da redação:

Discurso Colonial

Tema de redação: A questão indígena no Brasil contemporâneo

Redação enviada em 20/09/2017

O livro, Ubirajara, de José de Alencar, demonstra a visão romântica do índio puro, que ainda não se corrompeu perante à cultura europeia. Tal obra, clássica da escola romântica no Brasil, busca o nativo como símbolo nacional e o retrata de forma virtuosa, identificando-o como herói. Fora das páginas, o índio encontra-se desprestigiado, vítima de invasões às suas terras, de doenças trazidas pelo homem branco e pela discriminação. Ora, o mundo “civilizado” é o grande vilão do herói nacional. Em primeira análise, a ideia de inferioridade das sociedades tribais em relação à moderna contribui para a problemática. Segundo o filósofo Pierre Clastres, a visão antropológica de atraso e inferioridade das estruturas sociais tribais é falsa e derivado de uma visão eurocêntrica. Assim, o discurso civilizatório usado nos processos de invasão de áreas indígenas e de discriminação é incoerente, porém aceita por uma parcela da população, que enxerga o índio como um empecilho às atividades econômicas, ignorando os direitos indígenas. Logo, não cabe mais na sociedade contemporânea a propagação de tal discurso colonial. Ademais, a ausência do estado na promoção da asseguridade indígena agrava essa mazela. A demarcação de terras de posse de índios é um passo fundamental na preservação da cultura e na promoção da saúde, educação e inclusão desses povos. Porém, no Brasil esse processo é lento e burocrático, possuindo o estado como grande responsável desse impasse. De acordo com a Comissão Indigenista Missionário, cerca de metade das ações de demarcação de terras não foram finalizadas pela negligência dos órgãos estatais, tendo como efeito a vulnerabilidade social da comunidade indígena. Portanto, a reforma no processo de demarcação de terras, por intermédio do Poder Legislativo, com o objetivo de desburocratizar essas ações soa com urgente para assegurar o bem-estar dos índios. Repensar, por conseguinte, o povo nativo como patrimônio cultural e símbolo nacional surge como necessário. O aumento de verbas destinadas à vigilância de áreas demarcadas, via Poder Executivo, para rebaixar o número de conflitos agrários, além de campanhas promovidos pela mídia com o objetivo de enaltecer a cultura indígena aparecem úteis para a proteção dessa comunidade. Pois, o herói nacional corre risco de ser somente uma obra ficcional.