As manifestações feitas pelos índios em frente ao congresso nacional em abril de 2017, as quais eles deixaram cerca de 200 caixões pretos no local para simbolizar o genocídio dos povos originários evidencia um grande desafio dos indígenas brasileiros na contemporaneidade. Nesse contexto, deve-se observar que esses movimentos contestam as opressões vividas por eles, as quais ocorrem, principalmente, devido a questões econômicas e históricas, o que precisa de intervenções urgentes. Primeiramente, vale lembrar que o Brasil foi, historicamente, uma colônia de exploração e, como tal, firmou suas bases privilegiando uma elite branca, preterindo a população indígena que aqui viviam. Essa realidade fica refletida nos dias atuais por meio do pensamento desenvolvimentista de muitos agricultores, que se sentem no direito de usufruir de terras que ainda não foram demarcadas pela Funai, para o investimento do agronegócio. Prova disso, são os altos índices de conflitos seguidos de morte entre fazendeiros e indígenas, que lutam por suas terras, frequentemente relatados nos jornais. Esse cenário é problemático na medida em que os povos indígenas que ali vivem são obrigados a migrarem para outro local se quiserem sobreviver, com isso perdem a ancestralidade devido ao vínculo com a terra, ferindo os princípios constitucionais. Outrossim, pode-se analisar que o fato histórico de os indígenas pertencerem ao passado da humanidade e serem vistos como selvagens, como foi relatado na carta de Pero Vaz de Caminha, estabelece o preconceito baseado na teoria de superioridade racial. Desse modo frases do tipo “Programa de Índio” conhecidas popularmente passam a não ser vistas como preconceito, por isso, ele fica enraizado na sociedade, contribuindo com a inferioridade e a exclusão social dos nativos, afetando o desenvolvimento cultural do país. Fica clara, pois, a urgência em coibir essa preocupante realidade. Para isso, o Governo Federal deve criar delegacias especializadas e canais de ouvidoria anônima para assegurar o exercício de denúncia, que priorizem o combate ao conflito entre os povos indígenas e fazendeiros, além de cobrar da Funai uma melhor investigação sobre as necessidades de novas demarcações de terra, para evitar que eles usem de suas forças para lutar por um direito que já é deles. Ademais, a Escola deve criar palestras sobre os desafios dos povos indígenas visando à importância da valorização e da proteção destinadas a eles, diminuindo, assim, o preconceito. Com essas medidas essa realidade poderá ser desconstruída.