Título da redação:

A questão indígena na contemporaneidade

Tema de redação: A questão indígena no Brasil contemporâneo

Redação enviada em 21/09/2018

O poeta brasileiro, Gonçalves Dias, escreveu em deprecação, ‘’Tupã ò Deus grande! Cobriste o teu rosto com denso velamên de penas gentis; e jazem teus filhos clamando vingança’’. Trecho que retrata o período de terror vivido pelos povos indígenas no início do século XVI, com a chegada da colonização portuguesa ao Brasil. A escravidão, perda de terras e a implantação da cultura europeia, foi um passado que deixou marcas na contemporaneidade, e a cultura de intolerância e violência contra esses povos persiste intrinsecamente ligada a realidade do país. Nesse sentido, convém analisar as principais consequências de tal postura negligente da sociedade que cobrem os olhos dos problemas vividos pelos ancestrais brasileiros, como cobriu o Deus Tupã na poesia. É indubitável que a questão constitucional e a sua aplicação estejam entre as causas do problema. De acordo com o artigo 231 da Constituição, é reconhecido aos índios sua organização social, costumes, tradições e o direito sobre as terras que originalmente ocupam. Entretanto, é possível analisar que, a ação legal encontra se distante da efetivação, haja vista que, de acordo com a FUNAI (Fundação Nacional do Índio), apenas 57% da população indígena vivem em terras oficialmente demarcadas. É na aldeia, vivendo seus costumes que se reconhece o índio; fora dali, perde seu estilo de vida, dessa maneira esse descaso governamental não é menos criminoso do que a política do tempo do império. O europeu, ao chegar no território brasileiro, descaracterizou o índio, degradando-o moral, fisicamente e subjugando sua cultura, assim começou o processo de implantação da cultura europeia, com argumentos etnocêntricos que são bastante presente ainda no cotidiano; o homem branco continua julgando sua cultura com superior, e a falta de estudos culturais favorece a ignorância, e fortalece a exclusão dos indígenas na sociedade. É evidente, portanto, que ainda há entraves para garantir a solidificação de políticas que visem um mundo melhor, com a ideia aristotélica de pluralidade. Fica claro, assim, a prioridade da fiscalização efetiva do Poder Executivo, junto com a FUNAI, para o cumprimento da lei e agilidade na demarcação de terra e proteção contra latifundiários, para que assim os indígenas vivam tranquilos em suas terras. Junto a isso, vale sublinhar que a falta de conhecimento cultural perpetua a intolerância enraizada na sociedade, portanto, o MEC, deve investir na criação de eventos e campanhas, no âmbito escolar, levando os próprios índios que estiverem dispostos a mostrarem suas tradições e costumes aos alunos, afim que o tecido social se desprenda de certos tabus, e do denso velamên de ignorância.