"Sou bravo, sou forte, sou filho do Norte". Esse fragmento pertencente à obra "I-Juca Pirama" de Gonçalves Dias, autor atrelado ao Romantismo, diz respeito ao fato do índio ser visto como herói nacional no século XIX. Todavia, hoje, os povos ameríndios são, concomitantemente, marginalizados de suas culturas, as quais consideram o meio ambiente como sagrado para esses nativos. Na esteira dessas considerações, o cenário contemporâneo reflete os desafios dos indígenas no Brasil: o avanço das fronteiras agrícolas contextualizado pelo lema do "progresso", bem como no impasse relacionado às demarcações das terras indígenas, com estas submetidas ao garimpo ilícito. É importante pontuar, de início, que o avanço das atividades agrícolas para áreas habitadas por índios tornou-se um dos grandes embates enfretados por esses. De fato, o lema do "progresso", este defendido a qualquer custo por parte dos inúmeros responsáveis pelo agronegócio, resultou no desmatamento de áreas verdes para plantio em busca do lucro. Tal ínterim, efetivamente, vai de encontro com a condição cultural do indígena, o qual considera a natureza como integrante de sua identidade. Nesse contexto, esse cenário ficou nítido nos conflitos entre cultivadores de arroz e os próprios índios na reserva indígena Raposa Serra do Sol em Roraima. Dessa maneira, portanto, tais confrontos ainda carecem de intervenções governamentais que busquem uma harmonia entre o agronegócio e a questão indígena. É fundamental designar, ainda, que, embora o indígena possua sua cidadania penhorada na Carta Magna de 1988, esse direito não é visto na realidade, uma vez que muitos desses povos são rechaçados de suas terras por conta da invasão destas por garimpeiros ilegais. Certamente, a fraca fiscalização do Estado em áreas de reservas indígenas é mola propulsora para a intensificação do garimpo ilícito, o qual desmata florestas, assoreia rios, além de prejudicar o solo em busca, sobretudo, de metais preciosos. Como resultado, muitos nativos são forçados a deixar suas terras, não obstante estas, muitas vezes, sejam reservas homologadas pelo governo. Nesse sentido, o funcionamento do garimpo atualmente na Reserva Nacional de Cobre e Associados (RENCA) é o exemplo vivo desse cenário. Por conseguinte, é necessário que o Governo Federal, na figura do Ministério da Justiça, atue iminentemente nessa problemática por meio de políticas públicas que possibilitem uma harmonia entre a engrenagem do agronegócio e a convivência indígena, realizando limitações das fronteiras agrícolas, objetivando, dessa maneira, que áreas indígenas são sejam dominadas por tais atividades econômicas. Outrossim, é imprescindível que o Ministério do Meio Ambiente recrudesça a fiscalização relacionada ao garimpo ilegal, tanto das reservas indígenas quanto da própria natureza, combatendo esse ato ilícito de forma a garantir o direito do espaço sociocultural dos povos ameríndios. Assim, com essas medidas iniciais, o índio, outrora visto como herói nacional nos contos indianistas, poderá ter sua cultura, identidade e personalidade respeitada pelo âmbito social brasileiro.