"Sou bravo, sou forte, sou filho do Norte." O trecho supracitado pertence à obra "I-Juca-Pirama" de Gonçalves Dias, essa redigida no contexto literário romântico no qual colocava o índio como herói nacional. Todavia, as descortinar o século XXI, fica notório que os povos indígenas, embora detentores de direitos inerentes a todo cidadão, enfrentam impasses que se refletem não só no avanço do agronegócio, mas também na degradação territorial desses povos, colocando em xeque a sobrevivência física e cultural dos ameríndios. É importante pontuar, de início, que o avanço do agronegócio vai de encontro à preservação ambiental tão valorizada historicamente pelos povos indígenas. De fato, o desejo de fazendeiros no aumento do plantio de determinada mercadoria e, consequentemente, na obtenção de maiores lucros, leva aqueles a desmatar hectares de florestas para o plantio de monoculturas. Tal cenário é evidente no embate que perdura entre índios e fazendeiros em relação ao desmatamento em virtude da plantação de arroz na Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima. É fundamental designar, ainda, que a sobrevivência física e cultural dos indígenas é ameaçada pela degradação dos territórios desses povos por ação antrópica. Nesse contexto, o comércio ilegal de madeira, bem como o garimpo irregular são desafios enfrentados pelos ameríndios no que se refere à preservação dos territórios desses. Nesse sentido, a exemplo do garimpo, muitas comunidades indígenas são desapropriadas de suas terras por algozes, prática essa comum, uma vez que a fiscalização do Estado nesse ínterim é irrisória, evidenciando, assim, a vulnerabilidade do índio na contemporaneidade. Fica perceptível, portanto, que os indígenas, ainda que detentores de direitos inalienáveis, persistem na luta em prol de sua sobrevivência cultural e reconhecimento frente à sociedade. Dessa maneira, para ir ao encontro do reconhecimento desses povos, o Estado, na figura do Ministério da Justiça, pode promover de forma mais consistente o direito do indígena de viver harmonicamente em seu território. Para isso, a Polícia Federal pode auxiliar com a fiscalização do espaço ambiental por agentes em áreas com índices de desrespeito aos ameríndios, almejando, com isso, ao desmantelamento não só do comércio ilegal de madeira, mas ainda do garimpo irregular, prendendo os envolvidos nessas atividades, além de preservar o meio ambiente. Assim, outrora visto como herói nacional no Romantismo brasileiro, sobretudo nos contos indianistas, o índio poderá exercer de forma mais digna a sua cidadania, contribuindo para a diversidade cultural do país.