Nas últimas duas décadas, as tecnologias de informação e de comunicação cresceram exponencialmente, de modo que, atualmente, a maioria dos indivíduos utiliza a Internet diariamente, seja para fins sociais ou laborais. Outrossim, essa conexão virtual é perpétua, visto que dispositivos móveis como celulares e relógios já apresentam conectividade. Por conseguinte, as interações virtuais estão substituindo as interações reais, prejudicando as relações humanas na sociedade, sobretudo a relação familiar. Segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, os relacionamentos contemporâneos são “líquidos”, isto é, são frágeis e efêmeros. Essa questão é imensamente corroborada pelo desenvolvimento e uso das novas tecnologias, que inseridas no contexto familiar, são causadoras do enfraquecimento dos laços afetivos e do contato entre os parentes. Nesse sentido, a utilização excessiva de celulares e computadores no lar impede uma aproximação entre pais e filhos, afetando negativamente a educação familiar. Sendo assim, o conceito de família como uma instituição de apoio, de afetividade e de base moral entre as pessoas envolvidas é ameaçado. No entanto, apesar de essa terrível conjuntura ser presente dentro das famílias, ela também advém de fatores exteriores. A dependência tecnológica entre a juventude está sustentada pelo padrão social que valoriza a exposição, em outras palavras, os jovens sentem a necessidade constante de compartilhar seu cotidiano, de mostrar publicamente sua vida e, como resposta, receber a confirmação de seus seguidores virtuais. Isso cria uma ilusão de felicidade à medida que afasta esse indivíduo do mundo físico e real. Além desse fator, surgiu junto com a Internet uma nova prática econômica chamada de “home office”, que impõe ao funcionário horas adicionais de trabalho em casa por meio do computador. Isso acarreta numa carga horária de trabalho nociva, privando o trabalhador do lazer e de momentos com sua família. Logo, percebe-se que a afirmação do sociólogo Zygmunt Bauman é confirmada nas relações e padrões sociais e práticas econômicas. Para a reversão desse cenário, o Ministério da Educação deve criar palestras e propagandas divulgando os efeitos desastrosos do uso excessivo das tecnologias para o desenvolvimento das relações humanas e da sustentação da família. Ademais, as empresas devem abolir o “home office” como adicional ao labor e se for considera-lo, que seja incluído num cronograma mais justo e equilibrado para o funcionário. Por fim, é necessário que a família se aproxime dos jovens e os acompanhe virtualmente, a fim de conter uma exposição exagerada e de desconstruir a concepção de felicidade relacionada ao compartilhamento na Internet.