Atenção. Essa palavra possui diversos significados, os quais variam de acordo com o contexto. Sabe-se, por meio de estudos antropológicos, que o homem possui a necessidade inerente de “dar atenção” a seus semelhantes, que vai desde o simples ato de se comunicar até chegar ao campo familiar de prestar cuidados aos filhos. No entanto, em meio a tantas acepções, e por causa de ferramentas capazes de roubar nossa estimada “atenção”, enfrenta-se atualmente uma grave crise de sociabilidade, principalmente na esfera familiar, a qual se vê cada vez mais desestruturada em função das novas tecnologias. A Revolução Tecnológica promovida pela globalização trouxe como benefício a possibilidade de se comunicar com o resto do mundo, por meio de redes sociais e sites de relacionamento. Todavia, essa aparente aproximação é prejudicial na medida em que os usuários passam a se importar mais com o mundo virtual em detrimento do real, de forma que as relações interpessoais, conforme afirmava Bauman, se tornam líquidas. A situação torna-se ainda pior quando este fenômeno passa a ocorrer nas famílias, responsáveis pela primeira socialização das crianças. A partir do momento em que a própria família nega tal socialização, bem como deixam de conviver socialmente uns com os outros, “a família deixa de ser família”, passa a ser um simples aglomerado de pessoas. São inúmeros os danos gerados por essa falta de convivência familiar. Dentre eles, a criança que apresenta um quadro antissocial motivado pela própria família e pelo uso de aparelhos eletrônicos, quase sempre apresenta baixo rendimento escolar. Esta foi a conclusão de uma pesquisa feita pelo INEP, a qual se baseou em duas perguntas simples: a primeira perguntava com qual frequência o participante tirava notas abaixo da média e a segunda questionava o número de aparelhos eletrônicos que existiam dentro da casa do entrevistado. As respostas, quando comparadas, traduziam de forma esclarecedora a relação direta da baixa performance escolar em virtude do uso descontrolado de celulares, computadores e afins. Portanto, torna-se clara a gravidade das consequências advindas das chamadas “famílias tecnológicas”, sendo de extrema importância medidas para prevenir esse tipo de situação. Primeiramente, é imprescindível que os pais, como autoridades familiares, percebam a toxicidade do usufruto dessas conveniências tecnológicas, de modo a impor limites quanto à duração e situação de uso de equipamentos eletrônicos, visando reconstruir a sociabilidade e valores familiares, por meio de programações em conjunto. Em segundo plano, a escola também pode intervir através de palestras e até mesmo atividades que envolvam o desapego à cultura tecnológica, a fim de equilibrar dois polos aparentemente opostos – lazer e estudos. Dessa forma, ocorrerá a ressignificação da família, embasada na atenção e cuidado outrora suprimidos pelas tecnologias.