Título da redação:

Família em paradoxo

Tema de redação: Os desafios do relacionamento familiar no contexto das novas tecnologias

Redação enviada em 02/09/2017

De acordo com Jaak Bosmans: "A globalização encurtou as distâncias métricas, aumentando muito mais as distancias afetivas". Nessa conjuntura, a adesão dos novos modelos de comunicação soergueu importantes barreiras às relações familiares. Assim, a superficialidade dos novos vínculos estabelecidos reflete diretamente na formação pessoal e nas possíveis origens de distúrbios psicossociais entre os membros da família. É incontestável que o ambiente doméstico exerce função primordial na consolidação dos valores individuais. Desse modo, esse processo torna-se comprometido em face do distanciamento dos envolvimentos parentais causado pelo intenso acesso as novas tecnologias virtuais. Segundo a CTIA (The Wireless Association), mais de 50% dos jovens e adolescentes que usam algum dispositivo móvel em conexão, o utiliza para meios de entretenimento. Contudo, na maioria das vezes, os pais estão a par da situação, e a prole torna-se um alvo fácil de persuasão. Esse afastamento familiar, no entanto, vai ao encontro da opinião da escritora Libby Larsen: "O grande mito do nosso tempo é que a tecnologia é comunicação". Ademais, a redução do apoio psicológico e mental pode predispor ao surgimento dos desvios psiquiátricos entre os componentes das famílias contemporâneas. Dessa forma, diante das progressivas exigências da nova fase capitalista, a família deveria ser a instituição básica de incentivo e fortaleza. Todavia, o afastamento entre pais e filhos materializa-se no isolamento e, por vezes, no desenvolvimento de patologias como a depressão. Esta, por sua vez, é uma doença que cresce gradativamente e constitui fator fulcro para o debelamento dos suicídios, segundo a OMS. Nesse âmbito, depreende-se que as funções primárias da família têm perdido espaço à favor das comunicações em redes, corroborando com a visão de Albert Einstein: "Se tornou aparentemente óbvio que nossa tecnologia excedeu nossa humanidade". Infere-se, portanto, que o novo cenário mundial urge por medidas com objetivo de driblar os atuais desafios no ambiente familiar. Logo, o Estado, por meio do Ministério da Saúde, deve trabalhar em parceria, junto às ONGs, com a finalidade de vincular notificações, em mídias virtuais, sobre a importância da participação e comunhão familiar na manutenção da saúde mental dos seus indivíduos integrantes. Além disso, pais e responsáveis têm papel essencial na intermediação dos acessos à internet. Para isso, "os guardiões" devem estabelecer diálogos frequentes com a filiação, a fim de orientá-la sobre as matérias e ideias difundidas na ocasião. Devem, também, em momentos de lazer, dar preferência a atividades ativas e sem o porte de dispositivos móveis, visando a aproximação e fortalecimento dos laços emocionais. Nessa direção, o Estado e a própria família poderão contornar o paradoxo imposto pela globalização.