Título da redação:

Até que ponto a tecnologia interfere nas relações familiares?

Tema de redação: Os desafios do relacionamento familiar no contexto das novas tecnologias

Redação enviada em 28/06/2017

A partir da década de 90, com a popularização da internet e dos computadores, o comportamento e as relações sociais sofreram grandes mudanças, o e-mail substituiu as cartas, e o bate-papo virtual possibilitou a comunicação entre pessoas das mais variadas localizações. Posteriormente, com a criação de redes sociais, como o Facebook, Twitter, Instagram, etc., e com os dispositivos móveis, como smartphones, tablets e notebooks, houve uma nova revolução na área da comunicação, e a tecnologia passou a monopolizar a atenção das pessoas. Graças à linguagem virtual atraente, à infinidade de aplicativos disponíveis e à facilidade de manipulação, o celular, principalmente, passou a acompanhar as pessoas a todas as partes, ninguém sai de casa sem antes consultar suas mensagens, o trânsito, o tempo, a conta-corrente, e assim ao longo do dia, o celular fica ao alcance da mão o tempo todo, olhar para a tela em busca de novidades tornou-se uma espécie de tique nervoso. Seja no ônibus, no trabalho, na sala de aula, no banco, na rua, as pessoas parecem absortas, com os olhos fixos na tela e os dedos nervosos a digitar mensagens o mais rápido possível, enquanto o mundo corre em sua volta. A comunicação mudou, a última febre é o Whatsapp, aplicativo que permite a troca de mensagens, em que usuários batem papo e compartilham arquivos, fotos e áudios. No mundo virtual a comunicação se espalha numa velocidade vertiginosa e atinge proporções inimagináveis, da noite para o dia um vídeo ou uma mensagem nas redes podem superar milhões de visualizações. E esse turbilhão de distrações acabou tomando conta das relações familiares também. Recentemente a Revista Crescer publicou uma matéria sobre a interferência da tecnologia nas relações familiares, em que divulgava os dados de uma pesquisa realizada com 1.521 crianças de 6 a 12 anos pela Highlights, uma revista infantil norte-americana, que revelou que 62% das crianças reclamam que os pais estão distraídos demais para ouvi-las. E os celulares são os principais responsáveis por isso. E os filhos reproduzem o comportamento dos pais, crianças que ainda não aprenderam a falar já deslizam os dedinhos pela tela explorando os aparelhos, as crianças de 5 a 10 anos utilizam os aparelhos principalmente para jogar, e os adolescentes para trocar mensagens e navegar pela rede. Com a violência tomando conta das ruas, muitos pais preferem os filhos na internet, esquecendo-se dos perigos da pedofilia na rede, o ciberbullying, e ultimamente, de jogos e desafios que colocam em risco a integridade física dos usuários, como o baleia azul e o jogo da asfixia forçada. Enfim, a tecnologia monopolizou de tal maneira nossa atenção, que nem mesmo à hora da refeição as pessoas largam os aparelhos, ignorando aqueles que estão ao seu lado. Esse tipo interferência afasta os membros da família e até mesmo os casais, juntos sob um mesmo teto, mas isolados por opção. É certo que não podemos viver à margem da tecnologia, mas devemos buscar o equilíbrio, aproveitar as facilidades que nos proporciona sem nos tornarmos dependentes dela. A tecnologia não pode ser um subterfúgio, uma fuga da realidade. A família é a base na qual nos desenvolvemos para integrar-nos à sociedade de forma saudável. E a base de qualquer relacionamento é a comunicação, mas para comunicar-se é preciso saber ouvir. No âmbito de comportamento e costumes surte mais efeito o exemplo e a reflexão que os preceitos e as regras, por isso, a mudança de atitude deve começar em casa, pelo exemplo dos pais, e deve se estender à escola e à sociedade, como tema de discussão e reflexão.