A telecomunicação é um sucesso, justamente porque a comunicação não funciona. Gradualmente, as tecnologias inibem a capacidade de conversação presencial dos indivíduos e catalizam o processo de superficialização dos relacionamentos. Essas ferramentas diminuem a habilidade de interação, porque na tentativa de reproduzir o que ocorre na realidade falham. Afinal, aspectos como entoação, toque e olhar normalmente são negligenciados nesse modo de estabelecer comunicação, implicando desestruturação nos contatos interpessoais. É ingenuidade pensar que esse artifício só trouxe consigo vantagens, enquanto os relacionamentos transformam-se em cada vez mais rasos e superficiais. Obviamente, era de se esperar também reflexos na família, que além da discrepância enfrentada pelas diferenças de idade e por consequência de modos de enxergar o mundo, ganhou mais um obstáculo. Destarte, o que aconteceu com a tecnologia foi: planejada para ser uma ferramenta tornou-se artigo vital, corroendo a habilidade de interação avançada, que nos difere dos outros animais.