Em 1990, com o advento da internet, o ocidente conheceu uma nova forma de vida influenciada pelos avanços da Revolução Técnico-científico-informacional. Tais inovações alcançaram a esfera educacional, ora como ferramenta, como, por exemplo, no ensino híbrido, que mescla aulas tradicionais a novas tecnologias, ora como protagonista, como no EAD (Ensino a distância), que possui a internet como principal meio. Este segundo segmento vem se expandido nos últimos anos em território nacional, no entanto encontra percalços a seu pleno desenvolvimento, decorrentes de um sistema educacional que não incentiva a autonomia e problemas estruturais que afetam a transmissão de dados. Segundo Kant, notório filósofo iluminista, a verdadeira educação leva à concepção da autonomia, contudo a cultura brasileira emprega aos centros de ensino a função de transmissão de conhecimentos já preestabelecidos. Este fato de deve ao “jeitinho brasileiro”, que busca caminhos mais fáceis e, portanto, se configura como um desestímulo à busca ou formação de conhecimentos mais elaborados por parte dos próprios alunos. Tal ocorrência faz com que os estudantes se tornem fixos ao ensino tradicional das salas de aula, não expandido seus horizontes para novas maneiras educacionais, o que provoca receio frente ao EAD. Como agravante, a nação apresenta diversos problemas estruturais, os quais afetam de forma direta o acesso à internet. Segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas), o país possui uma das conexões à web mais caras do mundo, o que não reflete uma transmissão de qualidade. Este fator faz com que cidades menores, que são os principais potenciais de expansão do EAD por não possuírem centros universitários, encontrem um grande empecilho à adoção desse método, uma vez que são as áreas que recebem menor investimento das redes de telefonia. Portanto, tendo em vista os desafios do ensino a distância em território nacional, fazem-se necessárias medidas governamentais que visem a incentivar o desenvolvimento desse setor. Para isso, deve intervir nas políticas das redes de telefonia, estabelecendo prazos para que haja modernização dos satélites e oferecimento de internet de qualidade em todo país, proibindo franquia de dados e preços abusivos. Ademais, o Ministério da Educação deve reformar seu modelo de ensino na educação primária, de modo que crie aulas mais participativas nas quais os alunos tenham que pesquisar determinados temas e apresentar à turma, sobre auxílio de monitores, promovendo uma concepção de autonomia por parte desses. Pois, segundo Paulo Freire, “se a educação não transforma uma sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.