Desde a antiga Academia de Platão, fundada nos arredores atenienses, o ensino apresenta um caráter localizado, excluindo os cidadãos com déficit de tempo ou que habitem áreas afastadas. No entanto, a fim de incluir esse grupo, o modelo de ensino a distância - EAD - foi proporcionado em meados da década de sessenta, beneficiando milhares de brasileiros. Todavia, é válido analisar as implicações desse sistema tanto pela inadequação social, quanto pela ausência de acesso à internet por muitos. É indubitável que os cursos auxiliaram diversas pessoas, contudo, a resistência ao EAD está entre os principais obstáculos do projeto. Segundo Émile Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva de agir e pensar, dotada de externalidade, coercitividade e generalidade. Analogicamente ao sociólogo, é plausível afirmar que um indivíduo criado frequentando instituições presenciais tende a estranhar formatos diferentes, mesmo se as respectivas inovações apresentarem caráter positivo. Desse modo, sem as presentes rejeições o crescimento poderia ser significativamente maior, pois , conforme a Horper, ainda assim esperam-se 130% mais polos até 2017. Outrossim, a falta das plataformas virtuais em todos os ambientes torna-se um grande impasse para o sistema. O último censo divulgado pelo ABED, Associação Brasileira de Educação a Distância, mostra que apenas 1% das matrículas provém do Norte, em contraste com os 53% vindo do Sul. A partir desses dados é visível uma contradição, levando em conta que as regiões mais desprovidas estruturalmente permanecem isoladas, enquanto os maiores índices pertencem aos estados mais desenvolvidos nesse âmbito. Destarte, a inacessibilidade da internet configura-se como um agente perpetuador da exclusão, tendo em vista que o atual ensino a distância está pautado nos recursos tecnológicos. Entende-se, portanto, que a problemática de abrangência dos setores tecnológicos, somada aos receios das aulas não presenciais, são desafios a serem superados pelo EAD. Como forma de amenizar o problema, os governos estaduais e municipais, aliado às ONG's, devem investir em tele centros computadorizados, facilitando o acesso à internet nos locais sócio carentes e distantes. Além disso, o Ministério da Educação, junto às mídias, podem promover campanhas explicativas e incentivadoras ao novo modelo de educação a distância, com objetivo de gradualmente reverter a mentalidade contemporânea sobre o mesmo. Assim, ao invés de estagnar no estilo platônico, a sociedade apropriar-se-á das evoluções de cunho acadêmico.