Título da redação:

Metamorfose Inquieta

Tema de redação: Os desafios do bullying nas escolas

Redação enviada em 28/08/2018

"Filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é modificá-lo". O argumento do sociólogo alemão, Karl Marx, conduz à reflexão de que é preciso mudar o mundo. Nesse sentido, ao se discutir sobre o combate ao bullying e à violência nas escolas brasileiras, torna-se fundamental reconhecer que o ambiente escolar é responsável pela formação individual da cidadania. Entretanto, o que se observa é uma acentuada representação de microagressões entre alunos, e isso não só requer uma análise das causas desse fenômeno, mas também requer uma análise do ideal educacional, ratificando uma alteração representativa do cenário social. Observa-se uma acentuada inclinação a se acreditar que o bullying ocorre como consequência cognitiva exclusiva da imaturidade dos estudantes. Indo de encontro a essa lógica, Marx afirma que as relações humanas, a superestrutura, são orientada conforme as relações socioeconômicas, a infraestrutura. De modo análogo a isso, ao passo que a lógica do mercado invade o plano educacional, por meio do estabelecimento da competição nos vestibulares e resultados em sala, normas sociais são instauradas de forma a estabelecer uma relação dialética entre os alunos, ou seja, reproduz-se a opressão. Nega-se, com isso, a a ideia de que os alunos devem ser apenas disciplinados pelo sistema, uma vez que, enquanto houver a prioridade mercadológica, haverá a violência em diversos âmbitos. Outro ponto, que necessita de um olhar atento, está ligado à concepção consolidada pelo filósofo grego, Aristóteles, acerca da conduta ética como ferramenta imprescindível para a constituição de uma sociedade harmônica. Nesse contexto, é válido ressaltar que, de acordo com a ética aristotélica, a educação é o meio pelo qual se elabora a virtude, sendo esta a finalidade do ensino: o bem coletivo. Assim, fica claro que a orientação da educação no Brasil permite a ocorrência do bullying e práticas de violência, na medida em que não há a primazia da ética. Isto posto, evidencia-se que o sistema atual garante a obstrução da cidadania plena, o que exprime a sua nocividade ao organismo social. Por fim, entende-se que é necessário reunir esforços para reverter esse processo. Logo, é dever do Ministério da Educação reformular o sistema de avaliação, de forma a não privilegiar a competição, uma vez que a comparação de diferentes indivíduos promove a hierarquização no ambiente escolar, por meio da valorização de resultados que consideram aspectos biopsicossociais dos alunos, atenuando a desigualdade. Além disso, o mesmo órgão deve não só implementar à grade curricular obrigatória uma maior carga horário de Filosofia e Ética, como também estimular as aulas de Educação Física, pois são disciplinas capazes de promover o reconhecimento das diferenças e a interação entre os alunos. Nesse caminho, pode-se pensar no sustentáculo de uma sociedade harmônica, como aponta Aristóteles.