No início de nossa sociedade, quando ainda vivíamos em pequenos grupos tribais, os caçadores mais fortes eram os mais admirados e, em contrapartida, os mais fracos eram relegados ao esquecimento e há relatos históricos de que em algumas tribos os nascidos com deficiência eram abandonados ou sacrificados. A fraqueza não era bem vista. A sociedade evoluiu e suas interações sociais também. Já não era mais necessário ser um destemido guerreiro e hábil caçador para se destacar diante dos seus semelhantes. Porém, ao que parece, restaram alguns traços do nosso passado tribal e, humilhar o mais fraco, expondo e ridicularizando-o diante dos demais é a representação mais distorcida disto. A humanidade já não usa mais a força bruta para dominar a natureza e garantir a sua sobrevivência; O vigor físico e a habilidade com a lança não são mais requisitos para garantir uma posição de liderança. Então porque comportamentos pré-históricos continuam a ser reproduzidos nas ruas, na internet, nas escolas? Porque a autoafirmação decorre da necessidade de ofender, diminuir, até mesmo agredir fisicamente o outro? Comportamentos desse tipo podem ser explicados, ao menos em parte, pela educação patriarcalista e machista que ainda persiste na maneira de “criar” os filhos de boa parte das famílias brasileiras. Criação essa que não admite indivíduos fracos; Ou diferentes. No entanto, numa sociedade em que 28% dos estudantes foram vítimas de algum tipo de violência e 70% presenciaram agressões entre colegas nas salas de aula, só evidenciam que é preciso um esforço maior e conjunto entre pais e educadores para construir uma sociedade alicerçada no respeito ao próximo e às diferenças