Laços rompidos O bullying, que se verifica desde tempos imemoriais, foi ilustrado por Raul Pompeia no romance “O Ateneu”, no qual Sérgio descobre um universo de aparências no internato, por trás das quais impera a discriminação e relações de interesse. Essa conduta de subjugação dos mais vulneráveis perdura aos dias de hoje e caracteriza a prática de bullying nas escolas. As agressões se estendem, ainda, às plataformas digitais, em vista da crescente adesão dos jovens às mesmas. A sala de aula é o local onde os estudantes são submetidos à convivência entre si ainda que em nada se identifiquem com seus colegas, e é lá que, segundo pesquisas, a maior parte dos ataques transcorre. Isso ocorre porque o bullying está atrelado a uma conduta preconceituosa advinda dos alunos, intrínseca a seus valores. Desse modo, há tendência à segregação daqueles que não atendem a critérios baseados em orientação sexual, etnia, gênero, padrões estéticos e condição social, caracterizando relações de poder análogas às da sociedade. Consequentemente, há prejuízos à dinâmica de aquisição do conhecimento em decorrência do impacto negativo provocado pelo bullying à saúde mental da vítima. Outrossim, a prática do bullying não se limita ao ambiente escolar. O cyberbullyng, termo que há duas décadas nem ao menos existia, atua como um mecanismo adicional de hostilização ao passo que a tecnologia e o vasto uso da internet permitem ao agressor o benefício do anonimato, além da rápida disseminação de dados. Dessa maneira, os ataques virtuais intensificam as agressões praticadas na escola, na medida em que permitem as investidas a qualquer momento e com maior alcance, propelindo quadros psiquiátricos que não raramente culminam em suicídio. Em suma, compete aos professores propor aos alunos a elaboração, por eles próprios, de regras de conduta a serem aplicadas em sala de aula visando respeito mútuo e convívio harmonioso, como, por exemplo, a obrigação de pedir desculpas ao ofender um colega e reposição de qualquer pertence avariado. Além disso, cabe à escola manter os familiares informados quanto ao envolvimento da criança em casos de bullying a fim de que estes possam também atuar a favor da conscientização acerca da pluralidade e da tolerância.