Bullying. Eis um vocábulo de tradução incerta, mas com entendimento prático um tanto conhecido na realidade das escolas brasileiras. Nesse contexto, os atos de agressão continuada e de diversas naturezas refletem em sérias consequências psicológicas tanto às vítimas, quanto aos praticantes. Apesar disso, os seus principais desafios concretizam-se na estrutura familiar e escolar. É incontestável que a família tem função primordial na formação e proteção das crianças e adolescentes. Desse modo, segundo especialistas, metade da personalidade de um indivíduo é consolidada nesse grupo. Portanto, no âmbito do bullying escolar, as manifestações de violência, em geral, nada mais são do que extensões de preconceitos arraigados no ambiente mais íntimo. Por isso, de maneira esperada, a maioria das intimidações realizadas por esses cidadãos estão relacionadas aos grandes e históricos embates sociológicos: sexualidade, racismo, deficiências, beleza, dentre outros. Por conseguinte, a família deve ser um alvo fundamental nas ações de enfrentamento às más inter-relações nas casas de ensino. Ademais, é cabível afirmar que as escolas do Brasil mostram-se despreparadas no combate dos referidos conflitos. Para isso, corroboram os dados do Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor, para o qual mais de 20% dos casos de opressão ocorrem na própria sala de aula. Assim, de forma paradoxal, percebe-se que o ambiente de maior controle pelos profissionais de ensino ainda propicia a perpetuação de ações de intransigência ao próximo. Dessa forma, as escolas precisam se adaptar ao contexto hodierno e garantir o direito constitucional de respeito à dignidade humana de seus alunos. Diante de tudo isso, depreende-se que o cenário escolar urge por medidas que proporcionem os bons contatos entre os seus integrantes. Logo, as instituições de ensino devem promover a capacitação de professores e funcionários, por meio de treinamentos com psicólogos, com o objetivo de torná-los capazes de intervir nos casos de embate entre alunos e de realizar campanhas de combate à intolerância. Devem, também, convocar a participação dos responsáveis para a realização de assessorias psicopedagógicas a fim de instruí-los na desconstrução de preconceitos no âmbito familiar e de suas irradiações para a escola, além de torná-los hábeis para o reconhecimento de possíveis vítimas. Nessa direção, a escola e as famílias poderão excluir o bullying do vocabulário nacional e tornar-se-ão instrumentos práticos de igualdade e liberdade.