A Constituição Federal norma o dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, o direito à educação, à dignidade, ao respeito, além de colocá-los a salvo de toda forma de discriminação, violência e opressão. Entretanto, os inúmeros casos de violência física e verbal nas escolas, comumente chamado de "bullying", evidencia que tal lei não se aplica na prática. Nesse sentido, um diálogo entre cidadãos e Estado se vê necessário para superar os desafios do bullying no meio escolar. Em primeiro plano, o atual sistema de ensino do Brasil é muito limitante. Para o filósofo Émile Durkheim, a escola é uma das instâncias de socialização, ou seja, ela não se limita apenas a passar o conteúdo, ela também deve passar noções de cidadania e moral. Dessa forma, as instituições de ensino, por falta de investimentos, acabam tendo um papel restrito aos conteúdos dos livros, não tendo uma responsabilidade de passar uma educação crítica e voltada para a cidadania, o que contribui para que o bullying persista no âmbito escolar. Com efeito, o baixo investimento em educação se mostra obstáculo para que o Brasil faça jus à posição de Estado desenvolvido. De outra parte, a violência camuflada contribui para a omissão. Segundo o sociólogo Pierre Bordieu, a violação aos Direitos Humanos não consiste somente no embate físico, o desrespeito está -sobretudo- na perpetuação de preconceitos que atentam contra a dignidade da pessoa humana. A esse respeito, nota-se que o problema assume caminhos específicos nas salas de aula, em que, até mesmo, incluindo alguns professores, há quem acredite que apelidos e xingamentos sejam apenas brincadeiras inofensivas. No entanto, é paradoxal que, mesmo em um Estado democrático, o bullying se perpetue, o que deve, pois, ser repudiado, a fim de combater essa opressão. A proteção à criança e ao adolescente, portanto, precisa ser assegurada na prática, como prevê a Constituição Federal. Sendo assim, o Ministério da Educação deve propor aos professores no convívio diário com seus alunos, um maior cuidado, de forma a controlar qualquer prática de preconceito ou desrespeito a qualquer aluno, por meio de cursos e orientações aos profissionais da educação, ensinando como identificar e lidar com as agressões. Essa iniciativa teria a finalidade de minimizar as práticas de bullying no âmbito escolar. Inclusive, o MEC é importante porque essa entidade tem a função constitucional de garantir uma educação inclusiva e evitar que se perpetue, no Brasil, esse entrave na educação.