Originado na Grécia Antiga e copiada para as universidades europeias na Idade Média, a prática dos “trotes” como ritual de iniciação acadêmica é exemplo que mostra claramente as raízes do que hoje chamamos de bullying. Essa forma de violência social também está presente no nosso país e evidencia como temos arraigada uma cultura de violência como consequência de um quadro de impunidade que a sociedade brasileira vive hoje. Portanto, o desafio de superar esse tabu é algo urgente e que precisa da participação de vários setores da sociedade. Em primeiro lugar, cabe ressaltar que o bullying não é algo restrito apenas à iniciação universitária. Prova disso é a pesquisa divulgada na Revista Veja em 2012 mostrando que um em cada cinco adolescentes pratica essa forma de violência no Brasil. Como resultado, temos impactos psicológicos incalculáveis sobre as vítimas, transformando o ambiente escolar em um local hostil. Ao contrário do que acreditava Paulo Freire quando citava a escola como local de libertação, as instituições brasileiras de ensino tem se transformado em lugares de violência e opressão motivados pela impunidade. O respeito às diferenças é algo essencial para superar os tabus no mundo moderno. Nesse sentido, o filósofo francês Pierre Bourdieu explica que o Capital Cultural acumulado pelo indivíduo durante sua vida seja ela escolar ou não, contribui para o seu pleno desenvolvimento e respeito aos demais. Assim, é essencial que a escola participe ativamente da formação e do enriquecimento cultural do indivíduo como meio de superar a prática de bullying em nossas escolas. Fica claro, portanto, que o bullying nas escolas brasileiras faz parte da cultura de impunidade e que hoje está presente em todos os níveis da educação. Desse modo, cabe ao Primeiro Setor a criação de órgãos especializados no combate e articulação de ações que visem à aplicação da Lei de Combate ao Bullying sancionada em 2016. Outrossim, cabe à família desde cedo ensinar às crianças a importância do respeito as diferenças entre as pessoas. Mais ainda, cabe às escolas adotar grades curriculares que contemplem conteúdos de Sociologia e Filosofia como forma de inflacionar o Capital Cultural da sociedade.