Na Terceira Lei da Dinâmica, o físico Isaac Newton trata do par de forças ação-reação, que análise pouco percuciente das relações humanas denuncia como característica, também, da vida em sociedade. A prática do bullying escolar no Brasil, cuja raiz é a inversão de valores --aliada à impotência da vítima -- comprova isso. "A injustiça atrai a injustiça, a violência gera a violência.". Essa afirmação de Henri Lacordaire, intelectual do século XIX, é , decerto, corroborada pela intimidação sistemática, não raro, ocorrida nas escolas brasileiras. Atentado contra a dignidade humana, essa violência tende, por conta do inconformismo gerado, a suscitar a perpetração de mais atos danosos ao próximo. Conveniente ilustração é o massacre de Realengo, o qual consistiu no assassinato, em 2011, de doze alunos de uma escola da cidade do Rio de Janeiro por uma vítima do bullying escolar. Indubitavelmente, tal violência tem origem na decadência moral da sociedade. Certo é que, se o aluno intimidado chama a atenção do agressor por uma característica distintiva, destoante de um padrão -- como acontece no filme "Carrie, a Estranha" (1976), de Brian de Palma --, patente fica a supervalorização das aparências em detrimento da essência, a inversão de valores. A intimidação sistemática no âmbito escolar, originária da perda de valores associada à incapacidade de reação da vítima, tende, portanto, a gerar mais violência. A fim de minorar o impasse, cabe ao Ministério da Cultura reeducar o imaginário social a partir de uma campanha de valorização de obras clássicas universais veiculada pela mídia. Às escolas, por sua vez, com respaldo do Ministério da Educação, convém promover palestras com especialistas para orientar alunos e professores acerca das consequências do bullying e de como reagir a ele. Assim, o respeito à dignidade humana imperará.