A filósofa Judith Butler, em sua obra “Problemas de Gênero”, aponta que a identidade de gênero é resultado de uma construção social, assim, não existem papeis sexuais biologicamente intrínsecos aos indivíduos. Esse pensamento, no entanto, não vigora na sociedade brasileira, uma vez que as ideologias vigentes atreladas à precariedade da educação ofertada sobre esse tema perpetuam a disparidade entre os gêneros. Afirma-se, dessa forma, a relevância de discutir tais desafios a fim de promover a equidade na nação. Primordialmente, convém ressaltar que os ideais excludentes às diversidades de gênero – como exemplo do machismo e a transfobia - dificultam a inclusão de grupos minoritários e atuam na manutenção das desigualdades entre homens e mulheres. Tais preceitos, oriundos da Idade Média, definiram os espaços sociais a serem ocupados pelos sexos. Dessa maneira, ideologias culturais, como o patriarcado, foram naturalizadas. Em virtude disso, a figura feminina foi, por muitos séculos, violentada, seja pela restrição a educação e aos espaços científicos, ou fisicamente. Com efeito, esses embates refletem até hoje na diferença salarial e cargos ocupados entre gêneros distintos. Outro ponto relevante, nessa temática, é a carência do debate sobre gênero e sexualidade nas instituições de ensino e no âmbito domiciliar. Essa discussão é importante, pois ajudaria a dirimir problemas como a violência contra a mulher e a homofobia. Consoante a isso, o pedagogo e filósofo brasileiro Paulo Freire afirmava que sem a educação não há mudanças em uma sociedade. Nesse sentido, a implementação de programas educacionais que valorizem a igualdade entre meninos e meninas desde o ensino fundamental reverteriam os quadros de disparidade de gênero no Brasil atual. Infere-se, então, que a desigualdade entre os gêneros na Pátria Amada tem como alicerce as crenças medievais que precisam ser desconstruídas com a ajuda da educação. Logo, cabe as Instituições de Ensino do país promover a igualdade nas atividades educacionais, por meio do incentivo a práticas esportivas mistas que envolvam a participação de todos os alunos sem distinção, além de estimulo a prática da ciência para as meninas com projetos de iniciação científica e participação em feiras como a “Technovation Challange” – uma competição de programação feminina promovida pela Google. Destarte, é possível que o pensamento da Filósofa Judith Butler possa ser praticado, ou seja, que os papéis de gênero sejam dissolvidos e a equidade seja garantida.