Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: Os desafios da igualdade de gênero no Brasil

Redação enviada em 04/10/2018

O feminismo é um movimento iniciado na segunda metade do século XX que tem como principal função a luta pela igualdade de direitos entre homens e mulheres. Embora tenha sucedido em vários aspectos, como na garantia de sufrágio às mulheres, ainda não se alcançou plenamente seus objetivos. No Brasil atual, por exemplo, ainda há uma aparente desigualdade de gêneros, que se dá, principalmente, por fatores histórico-sociais e governamentais. Em uma primeira perspectiva, deve-se ressaltar que a assimetria de condições entre homens e mulheres remete à própria construção da sociedade brasileira ao longo do tempo. Isso porque a cultura portuguesa, fortemente vinculada ao passado medieval europeu, impôs um modelo patriarcal ao Brasil, o qual, ao longo dos séculos, naturalizou a valorização do homem em detrimento da mulher, o que contribuiu para a formação de uma nação intimamente ligada à desigualdade de gêneros. Nesse sentido, o cenário de perpetuação de comportamentos machistas é alicerçado pelo conceito de Habitus, do filósofo Pierre Bourdieu, o qual afirma que estruturas sociais são incorporadas e interiorizadas pelos indivíduos em suas ideias ou ações. Diante disso, no país, a diferenciação entre profissões consideradas masculinas ou femininas e a imposição de valores aos quais a mulher deveria se adequar materializam com nitidez as reflexões do pensador. Dessa forma, a evidente inferiorização da figura feminina, ainda sentida com muito vigor na realidade nacional, aponta para a urgência de reversão desse panorama. Ademais, deve-se apontar que esse paradigma social encontra respaldo na ineficiência estatal em combatê-lo. Isso constrói-se na medida em que a política brasileira frequentemente secundariza pautas importantes, priorizando salários exorbitantes e privilégios pessoais, em detrimento de medidas de cunho social, como projetos de fiscalização de empresas e instituições públicas, que poderiam suprimir a valorização salarial masculina sobre a feminina, prática recorrente na atualidade. Sob esse prisma, as ideias de Simon Schwartzman, em “Bases do Autoritarismo Brasileiro”, refletem com veracidade o cenário nacional. O autor, apropriando-se do conceito de Patrimonialismo, do sociólogo alemão Max Weber, externaliza a constante confusão na política brasileira entre o que é público ou privado, e as frequentes atitudes de políticos, que aproveitam-se de suas funções públicas para alcançarem metas pessoais, irrelevando problemas sociais como a desigualdade de gêneros. Desse modo, muitas mulheres ficam sujeitas a dificuldades de ascensão financeira, de ocupar cargos importantes, ou mesmo de inserir-se no mercado de trabalho de certas carreiras, o que deslegitima direitos previstos na Constituição. À frente desse contexto, fica claro que a desigualdade de gêneros é produto de questões culturais e estatais. Dessa maneira, com a finalidade de construir uma sociedade pautada na igualdade, que respeite a Constituição, o Poder Público deve criar projetos políticos de fiscalização empregatícia. Isso deve ser feito por meio da criação de um órgão público exclusivo para a proteção e garantia da mulher no âmbito profissional, com rígido controle de seus salários e da proporção entre funcionários homens e mulheres nas instituições públicas. Dessa forma, ideias patriarcais serão, enfim, desconstruídas e as mulheres poderão usufruir das mesmas oportunidades que os homens.