No mito de Sísifo, Zeus o condenou para rolar uma pedra morro a cima todos os dias pela eternidade, mas quando estava perto do topo perdia suas forças e a pedra retornava à origem. De maneira análoga, esse mito assemelha-se com os desafios da sociedade brasileira para conseguir a igualdade de gênero. Destarte, é necessário analisar como a herança histórico-cultural e o descaso governamental influenciam nesse problema. Em primeira análise, cabe pontuar que a herança histórico-cultural é uma das principais causas desse impasse. Isso ocorre desde o período colonial brasileiro, depois de 1500, em que, basicamente, foi imposto que o papel feminino era cuidar do lar. Nesse contexto, a sociedade, segundo o pensamento do filósofo Pierre Bourdieu, tende a incorporar as ações de sua época e reproduzi-las ao longo de sua histórica. Desse modo, é comum ver, hodiernamente, principalmente mulheres ainda serem estereotipadas como sexo frágil, e, por conta disso, surge um pensamento de um gênero inferior. Com isso, as desigualdades retrogradas de uma sociedade machista, lamentavelmente, continuam em pleno século XXI. Outrossim, além da herança histórico-cultural, o descaso governamental é outro fator dessa problemática. Isso ocorre porque o Estado, segundo o pensamento do filósofo Thomas Hobbes, deve garantir os direitos da sua nação. Entretanto, quando é visto o direito a igualdade salarial, prevista na CLT, percebe-se que essa garantia é vista, muitas vezes, apenas na teoria. Nessa conjuntura, a ausência do emprego efetivo da lei, faz com que muitos empresários acabem pagando melhor o homem. Desse jeito, é indubitável que a falha no cumprimento da legislação faz com que as desigualdades sejam ainda maiores. Não é à toa que, segundos dados do Fórum Econômico Mundial (WEF), de 144 países, medindo a igualdade entre homens e mulheres, o Brasil ocupa quase a posição 100. Torna-se evidente, portanto, que os desafios da igualdade de gênero no Brasil precisam ser atenuados. Dessa forma, o Ministério da Educação, juntamente com especialistas na área, deve implementar aulas de ética e cidadania nas escolas de ensino básico e médio, por meio de uma lei debatida e aprovada no congresso que modifique a grade curricular vigente. Assim, a herança histórico cultural, prevista por Bourdieu será modificada, pois os alunos entenderão que, independente de gênero, todos são capazes a ocupar qualquer posto, sem impedimentos ou esteriótipos. Ademais, o Ministério da Justiça, juntamente com parlamentares, deve promover mutas maiores para empresas que pratique algum tipo de desigualdade salarial no mesmo cargo, por meio de uma regulamentação mais rígida na CLT. Dessa maneira, os empresários serão desestimulados a infligir as leis, e o Estado, como previa Hobbes, garantirá a igualdade nos salários entre homens e mulheres. Destarte, diferente do mito de Sísifo, essa luta contra a desigualdade, mesmo que a passos curtos, será vencida.