Simone de Beauvoir, importante socióloga, desenvolveu uma tese na qual afirmava que não se nasce mulher, mas se é ensinada a tal. Atualmente, essa premissa reverbera nas sociedades pós-modernas, principalmente no Brasil. Nesse contexto, a delimitação de estereótipos de gêneros, corrobora com a manutenção dos impasses no estabelecimento de uma igualdade. Deve-se pontuar, inicialmente, que o Brasil foi construído sobre ideários patriarcais. Cabe analisar, desse modo, que a sociedade atribuiu características ligadas ao sexo biológico do indivíduo, privilegiando as ditas masculinas, como foco e liderança ao passo que as direcionadas ao público feminino eram desvalorizadas e superficiais, entre elas a delicadeza e a vaidade. No entanto, de acordo com Simone de Beauvoir, a fisiologia corporal não é a responsável por condutas e performances de ambos os sexos, isto é, a imposição de padrões sociais a serem seguidos, via de regra, que acabam forçando tais comportamentos. Vale ressaltar, ainda, que apesar da crescente luta de movimentos, como o feminista, muito ainda é preciso ser feito em busca de uma equidade entre os gêneros. Convém destacar, dessa maneira, que o empoderamento das mulheres vem causando grandes mudanças, como a recente aprovação da lei que tipifica a importunação sexual em locais públicos, ou ainda, a exigência de uma cota de candidatas femininas em todos os partidos políticos. Porém, é preciso um maior engajamento social para com essas ações afirmativas, com o objetivo de aumentar o alcance das reivindicações e uma nova formulação da conjuntura na qual a sociedade se insere. É evidente, portanto, que mudanças fazem-se necessárias. Para tanto, é preciso que o Ministério da Educação, em conjunto com a iniciativa privada, estabeleça na matriz curricular das escolas oficinas de desconstrução dos padrões de gênero, de maneira didática utilizando teatros e filmes, nas quais seja ensinado que ambos os sexos podem exercer qualquer tarefa e merecem respeito, assim ainda na juventude tais indivíduos aprenderão a respeitar o outro gênero e valorizar suas habilidade. Além disso, grandes veículos midiáticos devem, por meio de telenovelas, abordar a temática trazendo a discussão para as famílias. Só dessa maneira, a premissa de Simone perderá sua atualidade, e o Brasil estará encaminhando-se para um país mais igualitário.