Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: Os desafios da igualdade de gênero no Brasil

Redação enviada em 28/09/2018

Na obra literária "O Segundo Sexo", a filósofa Simone de Beauvoir afirma: Não se nasce mulher, torna-se. Conforme a análise proposta pela pensadora, a desigualdade de gênero advém da construção e imposição de um papel social feminino. Historicamente, a caracterização da feminidade ocorreu sob o referencial masculino dentro da sociedade patriarcal, consequentemente, estabeleceu-se a subordinação da mulher ao homem e aos deveres domésticos. Nesse âmbito, a inferiorização do indivíduo baseada no sexo biológico condicionou a opressão socioeconômica e a sub-representatividade política do sexo feminino. No Brasil, as disparidades de gênero perpetuam-se, é preciso, pois, debater e combater tal problemática. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, ocorreu, na última década, a redução da igualdade política e financeira entre homens e mulheres no território federal. Em primeira instância, a persistência da cultura patriarcal contribui diretamente para acentuação das diferenças de oportunidades entre os sexos no país. Nesse contexto, cabe, teoricamente, à mulher as obrigações familiares, assim, a sua emancipação econômica é acompanhada, frequentemente, do estabelecimento da jornada dupla de trabalho. Desse modo, a inserção do sexo feminino na população economicamente ativa é prejudicada pela construção social machista, na qual a mulher ou arca com a exaustão física proveniente da sobrecarga de responsabilidades, ou sofre com o preconceito durante a procura por emprego e, eventualmente, com o salário inferior ao dos homens. Ademais, a ínfima representação política influencia não só na subordinação dos direitos femininos às convicções machistas, como também na conivência estatal para com as distinções feitas por critério sexual. Tais realidades podem ser ilustradas tanto pela ausência de políticas públicas para equiparação de salários e ocupação de cargos de poder, quanto nas votações de decisões judiciais, realizadas majoritariamente por homens, em questões que afetam diretamente a mulher como o aborto e o assédio sexual. Outrossim, a imposição de ideologias de gênero durante o convívio social, por meio da separação de brincadeiras destinadas a cada sexo e a estimulação de determinadas atitudes durante a infância, fomenta a reprodução e perpetuação dos papéis sociais e, por conseguinte, fortalece a desigualdade entre homens e mulheres na sociedade. Portanto, é necessário enfrentar a distinção de gêneros no Brasil. As instituições de ensino devem, por meio da intervenção na socialização primária, não só debater sobre igualdade de capacidade intelectual entre os sexos, como também evitar a imposição de ideologia de gêneros, estimulando brincadeiras e interações sociais compartilhadas entre meninos e meninas, a fim de desconstruir, a longo prazo, os papéis sociais designados para homens e mulheres. Além disso, cabe ao Ministério Público à criação de programas políticos para fomentar a equidade de gênero na ocupação de postos de poder e na distribuição de renda, por meio da aplicação de benefícios legais — como a redução de impostos para empresas que fornecerem acesso igualitário às oportunidades de emprego — como também da estipulação de um número mínimo de mulheres nos cargos políticos com o intuito de reduzir a desigualdade de gênero no território nacional.