Título da redação:

Disparidades na prática

Tema de redação: Os desafios da igualdade de gênero no Brasil

Redação enviada em 30/09/2018

No Brasil, o movimento feminista teve início em 1922, graças à cientista Bertha Lutz, fundadora da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, organização que lutava pelo direito ao voto feminino, só conquistado com a Constituição de 1934. No entanto, apesar de diversas conquistas no campo político institucional, nos últimos anos, a população feminina vem enfrentando diversas desigualdades perante aos homens. Dentre os principais motivos que obstaculizam a igualdade de gênero, destacam-se o ideário patriarcal e o papel da mídia. A priori, é notório que uma das raízes da problemática é o patriarcalismo. Isso decorre, lamentavelmente, devido à persistência histórica de um ciclo vicioso de mentalidade, que atinge homens e mulheres, em que estabelece o patriarca, nas relações públicas e domésticas, como o centro de dominação e superioridade e, por conseguinte, por meio da relações cotidianas se perpetua. Tal situação ratifica à teoria do "Habitus" do sociólogo Pierre Bourdieu, em que o indivíduo, por meio da convivência, incorpora concepções da consciência coletiva, naturaliza e reproduz tais ideias. Logo, é imperiosa a elaboração de ações objetivas para o embate da profunda estrutura patriarcal que paira, silenciosamente, no imaginário social. Além disso, nota-se ,ainda, que a conduta midiática reforça as assimetrias de gênero. Isso acontece, infelizmente, porque frequentemente os meios de comunicação, sobretudo programas humorísticos, destituem o papel político das mulheres e reproduz o modelo tradicional de inferioridade e subordinação e, por consequência disso, acaba exacerbando as contradições e reforçando os papeis arcaicos femininos, como aponta a cientista política Flávia Biroli, na qual a mídia é um importante meio de reprodução dos estereótipos de gênero que constrangem a atuação política de mulheres. Dessa forma, é impreterível a elaboração de mecanismos para o enfrentamento da conduta vil dos meios midiáticos. Infere-se, portanto, que a adoção de medidas capazes de mitigar as disparidades de gênero torna-se imprescindível. Faz-se necessário o Ministério da Educação, em parceria com as escolas, acrescente nas grades curriculares do Ensino Fundamental e Médio, matérias que primam à isonomia de direitos entre homens e mulheres, como Ética e Cidadania, com a finalidade de instrumentalizar futuros cidadãos igualitários. Ademais, o Poder Legislativo deve elaborar uma Emenda Constitucional, que paute ,fundamentalmente, em propor regras e advertências as pretensas condutas preconceituosas da mídia contra o segmento feminino, com o escopo de deslegitimar diversas formas e expressões de desigualdade entre homens e mulheres. Somente assim, a igualdade de condições entre os gêneros, preconizada na Carta Magna do país, tornar-se-á uma realidade cabal.