Nos filmes Procurando Nemo e Procurando Dory, são mostradas as dificuldades enfrentadas por dois peixinhos com deficiência, uma física e outra intelectual, respectivamente, em atravessar o oceano. Analogamente, na realidade brasileira milhares de pessoas com algum tipo de deficiência se deparam com barreiras que os impedem de ter o direito à educação garantido, como presa a Constituição Federal. Ainda que se tenha avançado na inclusão dessas pessoas ao ensino regular de educação, ainda existem obstáculos para assegurar o acesso e a permanência das pessoas com deficiência no sistema educacional, devido tanto à estrutura deste, quanto ao pensamento social a respeito daqueles. É indubitável que a falência do sistema educacional brasileiro esteja entre as principais dificuldades em se efetivar a inclusão. A educação inclusiva visa não somente inserir as pessoas com deficiência na sala de aula regular, mas também, compreender e atender as necessidades de cada aluno, de forma a valorizar as diferenças e impulsionar a participação ativa de todos. No entanto, para tal necessita-se de uma rede estruturada e preparada, o que não acontece no Brasil, haja vista às más condições físicas das escolas, à superlotação das salas, assim como a falta de preparo dos profissionais de educação para atender tal diversidade. Outrossim, tem-se o preconceito como impulsionador da exclusão das pessoas com deficiência da sociedade e, portanto, do ensino regular. De acordo com o pensamento do sociólogo Pierre Bordieu, a violação aos direitos humanos não consiste apenas no embate físico, mas, sobretudo pela perpetuação de preconceitos que atentam contra a dignidade da pessoa humana ou de um grupo social. Sendo assim, não aceitar um aluno com deficiência ou negligenciar seus interesses, necessidades e habilidades por acreditar, erroneamente, que este é incapaz, é violar seus direitos garantidos legalmente e corroborar para a perpetuação da exclusão deste da sociedade. Fica evidente, destarte, que medidas são necessárias para efetivar a inclusão das pessoas com deficiência ao ensino regular. Desse modo, o Governo Federal deve, através do MEC e com o apoio da sociedade, instituir uma reforma do sistema educacional a fim de ajustá-lo à demanda da inclusão social por meio do preparo dos profissionais de educação e da adequação dos espaços, permitindo a acessibilidade de todos os alunos. Ademais, o MEC, em parceria com ONG’s, deve promover palestras interdisciplinares, ministradas por professores, psicólogos e ativistas, nas escolas e nas comunidades com o intuito de desmistificar preconceitos, uma vez que, consoante a escritora e ativista Helen Keller – primeira pessoa cega e surda a conquistar um bacharelado, o resultado mais sublime da educação é a tolerância.