"Amou daquela vez como se fosse a última; [...] morreu na contramão atrapalhando o tráfego." Muitos estão fadados ao mesmo destino do eu-lírico de Chico Buarque, visto que os acidentes de trânsito têm gerado um impacto vertiginoso na vida dos brasileiros. Os principais responsáveis são os fatores humanos e as condições da via. Nesse sentido, é fundamental que haja uma mudança de cenário. Na última década, milhares de pessoas perderam a vida ou sobreviveram com alguma sequela grave a acidentes de trânsito. De acordo com a ONU, esse é o principal motivo de mortes entre jovens de 15 a 20 anos. Os números são tão graves que a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou o tema como um problema de saúde pública. A causa humana relaciona-se com a violação legal e, sobretudo, com a mistura de álcool e direção, embora exista a "Lei Seca" e diversas campanhas educativas. No Brasil, o cidadão parece ser incapaz de segurar seu ímpeto e medir as consequências de suas ações. Para comparar, no Japão as leis são mais ríspidas e o motorista é mais educado. Isso faz com que o país atinja números mínimos de ocorrências nas ruas. Segundo o Capitão Hudson, especialista em trânsito da Polícia Militar de Minas Gerais, outro aspecto considerável é a má conservação das vias e a falta de sinalização nas ruas. Essas nuances contribuem para que ocorram mais acidentes. Com efeito, muitas vidas poderiam ser salvas se houvesse uma manutenção adequada das estradas públicas. Diante disso, os impasses do trânsito devem ser encarados transversalmente para que os acidentes sejam reduzidos. Nesse âmbito, o poder legislativo precisa agravar as sanções da "Lei Seca" a fim de coibir as práticas ilegais. Paralelamente, as polícias precisam intensificar as blitz com caráter preventivo. O MEC deve, através de um plano educacional, inserir no currículo escolar projetos de educação no trânsito. Por fim, é fundamental que o poder Executivo reverta mais dinheiro do IPVA em benefício da estrutura das vias.