Desde o Iluminismo, já sabemos – ou deveríamos saber – que uma sociedade só progride quando um se mobiliza com o problema do outro. No entanto, quando se observa a obesidade no Brasil em pleno século XXI, percebe-se que esse ideal iluminista é verificado na teoria e não desejavelmente na prática. Importantes passos já foram dados na tentativa de se reverter esse quadro, como a criação, por parte do Governo Federal, do “Guia Alimentar para a Sociedade Brasileira”. Entretanto, para que se tenha mais saúde e uma convivência social mais respeitosa entre as pessoas, hão de ser analisadas as verdadeiras causas desse mal. É importante analisar o problema social que envolve a questão da obesidade. Roberto Justus, empresário brasileiro, disse uma vez na televisão que não contrata gordos pelo fato de que a condição física desequilibrada demonstra fraqueza e preguiça. Com esse típico discurso discriminatório, criou-se, para as pessoas acima do peso ideal, um estigma que as fazem parecer inaptas, incapazes e feias. Logo, diante de tamanha agressão, o cidadão cujo perfil físico não se enquadra no padrão imposto pela sociedade, sofre severos problemas psicológicos que podem o levar a cometer suicídio ou ter uma vida social inexistente por causa medo de sofrer bullying. Dessa forma, por meio da Gordofobia, que é a aversão ao gordo, o indivíduo obeso é excluído da sociedade e impedido de conviver em harmonia com o restante da população. Outro ponto acerca do tema que merece atenção é a saúde. A obesidade, cada vez mais, deve ser considerada um problema de saúde, já que pode levar a diversas complicações, como diabetes, problemas circulatórios, respiratórios e cardiovasculares. Essas informações são preocupantes pelo fato de que, segundo a Organização Mundial de Saúde, o sobrepeso no Brasil chegou a 54 % em 2014. Por conseguinte, com mais da metade da população acima do peso ideal, é inegável que a obesidade irá ocasionar, no país, uma série de problemas de saúde e um aumento no número de casos de doenças crônicas. Esses acontecimentos, aliados a uma vida sedentária adotada pela maioria dos brasileiros, reduzirão a qualidade de vida das pessoas. Assim, é importante que haja incentivo à prática de atividade física e à adoção de uma alimentação saudável. Enfim, os problemas sociais e de saúde relacionados à obesidade exigem soluções eficientes. Diante da falta de infraestrutura dos parques e pistas de corrida das cidades, cabe aos poderes executivos municipais a concessão de isenção de impostos a empresas privadas em troca de manutenção de parques, academias ao ar livre e pistas de corrida, como acontece na cidade de Belo Horizonte. Ademais, com a intenção de acabar com o preconceito, escolas e professores, responsáveis por formação de valores, devem atuar na promoção de atividades nas salas de aula que destaquem a importância do respeito ao outro e informem que a obesidade é uma doença que necessita cuidado. Outrossim, mais Médicos de Família devem ser contratados para promoverem a longitudinalidade (atendimento permanente e investigativo) no atendimento da saúde com o intuito de prevenir doenças e o sobrepeso. Talvez dessa forma a obesidade se faça presente apenas em futuros livros de história e a sociedade brasileira possa transformar os ideais iluministas em prática, e não apenas em teoria.