“Só é gordo quem quer”. “Você tem que emagrecer, sabe... Por saúde!”. Em ambiente familiar, de amigos, na sociedade como um todo, esses comentários certamente já foram ouvidos por pessoas acima do peso. O preconceito disfarçado de preocupação com a saúde mostra quão enraizada e perversa está a manipulação por corpos magros perfeitos. Essa ferida social está longe de ser curada, porque a indústria da beleza padrão - peitos fartos, barriga chapada e bunda grande - lucra com a busca do aperfeiçoamento corporal, ou melhor, se aproveita e explora a baixa autoestima das pessoas em relação aos seus corpos, manipulando-as a viver uma realidade que convém ao lucro, não a quem elas são e do que elas precisam - se aceitar. No entanto, a “cultura da magreza” está tão impregnada na sociedade, associada à ideia da falta de saúde ao estar acima do peso, e usada como desculpa para dar opinião sobre o corpo dos outros, que, no fundo, ninguém se importa se você é ou não saudável e se isso tem a ver com o excesso de gordura. Só querem que você entre no perfil de beleza que lhes foi ensinado. Dessa forma, a alienação já é explícita e não mais dependente direta da indústria, uma vez que incorporada e tida como normal no meio social. Portanto, é importante demarcar que a obesidade só deve ser vista como um problema de saúde se ela de fato for a causa dele, e definitivamente ser encarada como um problema social, porque pessoas gordas sofrem todos os dias por conta desse sistema perverso. Uma forma de incentivar uma discussão acerca do tema por um ângulo diferente é a promoção de palestras e atividades inclusivas nas escolas, em que nelas o respeito ao próximo seria reforçado e comentários preconceituosos seriam discutidos e repudiados. Outra forma atrelada a essa, seria o apoio da mídia e publicidade, de maneira educada, criativa e explicativa, criarem propagandas/programas que incentivassem a autoaceitação.